domingo, 22 de fevereiro de 2015

Criação de pirarucu é rentável e evita desmatamento da floresta amazônica


Fonte: Revista Globo Rural 18/02/2015

Um hectare de tanque de cultivo da espécie rende de 10 a 15 toneladas de carne, enquanto a mesma área com pecuária extensiva permite a criação de no máximo três bois, ou seja, 750 quilos de proteína

pirarucu_peixes (Foto: Amelia Guo/Creative Commons)
O pirarucu, um peixe nativo da bacia Amazônica, é a grande promessa para fixação do homem no campo e combate ao desmatamento na região Norte do Brasil. Um hectare de tanque de cultivo da espécie rende de 10 a 15 toneladas de carne, enquanto a mesma área com pecuária extensiva permite a criação de no máximo três bois, ou seja, 750 quilos de proteína. “A Amazônia pode se tornar um grande criatório de peixe e assim evitar que se derrube a mata”, diz  Osmar Façanha de Sá, presidente da Cooperpeixe, cooperativa criada em 2013 com o objetivo de se dedicar à produção de alevinos de pirarucu. O grupo é formado por 27 cooperados e trabalha com piscicultores parceiros.
O pirarucu é considerado uma das espécies mais promissoras dentre as opções para o cultivo em cativeiro. Só para se ter uma ideia, em um ano e meio, o peixe alcança 15 quilos. No mesmo período, o tambaqui não pesa mais de 3 quilos. Mas a conversão alimentar surpreendente esbarra no desafio da reprodução. A espécie não aceita o processo artificial. Pelo contrário, as fêmeas escolhem os machos e só assim o acasalamento acontece. “Quando não há desova, a gente captura os peixes para tentar entender o que houve. Às vezes, o macho é menor e a fêmea não aceita”, explica Façanha de Sá.

Localizado na cidade de Manacapuru, a 87 quilômetros de Manaus, a Cooperpeixe surge como resposta a este desafio da reprodução da espécie. Batizada como Fazenda Cidade do Pirarucu, a cooperativa encabeça um projeto pioneiro no Amazonas voltado à produção de alevinos da espécie. “Hoje temos 180 casais de pirarucu e estamos aguardando a reprodução”, diz o consultor do Sebrae Américo Vespúcio Araújo Júnior, responsável técnico do projeto.
2014 foi o primeiro ano de atividade da cooperativa e resultou na produção 30 mil alevinos. Mas a Cooperpeixe tem estrutura para produzir 500 mil alevinos. “Nosso objetivo é atingir a capacidade máxima no ano que vem e assim baixar o valor do alevino, que hoje sai por R$ 10 cada”, diz Araújo Júnior. A Fazenda Cidade do Pirarucu compreende 149 tanques: 105 para matrizes e o restante para alevinos e engorda.

O lema da Cooperpeixe é “Alimento para Amazônia, Brasil e Mundo”. A alma do projeto é deixar de capturar o pirarucu da natureza, já que a espécie está ameaçada de extinção, e promover a criação em cativeiro, uma forma de combater o desmatamento da Amazônia, uma vez que a ocupa muito menos área que a pecuária extensiva.

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