sexta-feira, 19 de janeiro de 2018


Fonte: EcoDebate 19/01/2018

Imazon incorpora novo satélite e detecta aumento no desmatamento

Boletim do desmatamento da Amazônia Legal (dezembro 2017) SAD

A partir dessa edição de dezembro de 2017, o SAD traz novidades. O satélite Sentinel-1 (radar) foi incorporado ao sistema e utilizado para o monitorar toda a Amazônia Legal, possibilitando realizar a detecção dos desmatamentos com área a partir de 1 ha que ocorrem sob nuvem. Em dezembro de 2017, o SAD detectou 184 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal. Nesse boletim, a fração de desmatamento entre 1 e 10 hectares foi de 32% do total detectado (59 quilômetros quadrados). Considerando os alertas a partir de 10 hectares e apenas os alertas ocorridos em dezembro de 2017 (ver Nota Técnica), o desmatamento detectado foi de 61 quilômetros quadrados, um aumento de 578% em relação a dezembro de 2016, quando o desmatamento somou 9 quilômetros quadrados.

Boletim do desmatamento da Amazônia Legal (dezembro 2017) SAD

Esse elevado aumento proporcional ocorre devido ao uso do radar para monitorar regiões com presença frequente de nuvens, como é o caso do trecho da Rodovia Transamazônica no Pará, que também concentrou a grande maioria dos alertas abaixo de 10 ha. Em dezembro de 2017, o desmatamento ocorreu no Pará (64%) Rondônia (18%), Mato Grosso (13%), Amazonas (2%) e Roraima (2%). Não houve detecção de degradação florestal em dezembro de 2017.
Baixe aqui o arquivo
Colaboração de Stefânia CostaImazon

O colapso anunciado de um projeto de desenvolvimento sustentável

Fonte Carta Maior 16/01/2018

Nos últimos dois anos, com as alterações na gestão fundiária e ambiental conduzidas pelo governo federal, intensificou-se uma orquestração de setores ruralistas em Anapu (PA) para desestabilizar o projeto de uso sustentável de vasta área de reserva legal sob domínio coletivo de agricultores familiares.

 

16/01/2018 19:51
Roberto Porro
Roberto Porro e Noemi Miyasaka Porro

Mais uma vez o legado do incansável trabalho da irmã Dorothy Stang na região da Transamazônica está ameaçado. Desta vez, está em jogo a própria existência do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Virola-Jatobá, e com ele a integridade de florestas que até ontem se estendiam por mais de 30 mil hectares. Ao lado do PDS Esperança, o Virola-Jatobá foi criado há 15 anos como fruto do trabalho da missionária em busca de uma solução que aliasse conservação ambiental com reforma agrária.

A situação do PDS Virola-Jatobá agravou-se nos últimos meses, devido às crescentes pressões de setores contrários a efetivas políticas fundiárias e ambientais na Amazônia, e em particular, devido à desarticulação da atuação do INCRA no município de Anapu (PA). O órgão é responsável pela gestão deste assentamento com características ambientalmente diferenciadas. Há quinze anos, os PDS foram criados como uma proposta que incluía o uso sustentável de uma vasta área de reserva legal sob domínio coletivo de agricultores familiares.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Mil quilômetros sobre duas rodas para entender a Transamazônica


Fonte IPAM 18/01/2018
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Dois cientistas e um astronauta americano encerram hoje (26/9), no Amazonas, uma aventura de mais de mil quilômetros sobre bicicletas pela rodovia Transamazônica, que cruza a Amazônia de leste a oeste.  Durante o trajeto, eles registraram queimadas e o desmatamento da maior floresta tropical do mundo, e contaram com a solidariedade de habitantes da região para chegar ao final do percurso.
Osvaldo Stella e Paulo Moutinho, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), e Chris Cassidy, chefe dos astronautas da NASA, a agência espacial americana, percorreram o trajeto em 16 dias entre Itaituba (PA) e Humaitá (AM) e testemunharam as belezas da floresta – mas também desmatamentos, queimadas e garimpos ilegais, além das dificuldades daqueles que vivem ao longo da estrada.
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A aventura recebeu o nome de Transamazônica +25, pois aconteceu 25 anos depois de Stella percorrer a estrada pela primeira vez em uma bicicleta. “Na época, eu estava impactado pela ECO-92, encontro no Rio que marcou as discussões globais sobre desenvolvimento sustentável, ele queria ver de perto o que era a Amazônia. Aquela viagem marcou minha vida e direcionou minha carreira”, diz.
Para Cassidy, esta foi uma oportunidade única de ver em outra perspectiva a Amazônia que poucos conhecem: a vista do espaço. “Na estação espacial, quando olhamos a Terra, a Amazônia aparece como uma grande mancha verde. Mas ela parece diminuir.”
Destruição

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Agroecologia: incomodando a sociedade dos alimentos enlatados, por Ruy Sposati

Fonte EcoDebate 11/01/2018
Cimi – Conselho Indigenista Missionário
Práticas agroecológicas revaloram comunidades que produzem e têm tempo de descanso, que cooperam e não competem, turbinando o pensamento sobre mudar o mundo


Por Ruy Sposati, do 3o. Encontro Tocantinense de Agroeocologia/TI Apinajé
O Estado e o mercado ignoram – quando não combatem – as múltiplas formas de se alimentar, produzir, falar e viver de pescadores, camponeses, indígenas, quilombolas e quebradeiras de coco. É preciso reagir – afirmaram os participantes do 3o Encontro Tocantinense de Agroeologia.
Um pescador propôs que se lutasse pela inclusão da farinha de mandioca no cardápio das escolas públicas. Quer dizer, o item mais básico da alimentação de qualquer ser humano do Cerrado até hoje não está nos pratos dos estudantes. Todo mundo ali produz farinha – o Estado poderia comprá-la diretamente destas mesmas comunidades!
E não é só o cardápio que desagrada. Tudo vem de cima para baixo: “nós recebemos um pacote que é feito lá no Ministério da Educação, que vem pra secretaria estadual, depois pro município. Nesse caminho, não muda quase nada – e o professor simplesmente tem que reproduzir goela abaixo dos alunos”, expôs uma professora de uma Escola Família Agrícola (EFA).
Para ela, a educação tem sido historicamente negada aos povos do campo. “Os camponeses não tinham terra. Os quilombolas eram os escravos, e os índios os donos das terras. A educação, então, nunca foi para nenhum de nós”, continuou.

Indígenas Apinajé, Krahô, Xerente, Canela e Avá Canoeiro no encontro. Foto: Edson Prudencio/APA-TO
Indígenas Apinajé, Krahô, Xerente, Canela e Avá Canoeiro no encontro. Foto: Edson Prudencio/APA-TO


Moratória da Soja na Amazônia pode ser exemplo para outros biomas


daisy photographed from belowOs resultados da Moratória da Soja 2016/2017 foram divulgados nesta quarta-feira (10), em uma solenidade no Ministério do Meio Ambiente que reuniu governo, indústria, sociedade civil e jornalistas. De acordo com o relatório anunciado pelo ministro do Meio Ambiente e pelo Grupo de Trabalho da Soja, nos 11 anos de existência da Moratória apenas 1,2% do desmatamento na Amazônia está associado ao cultivo de soja.

Fonte IPAM 11/01/2018


“A Moratória, uma ação conjunta com a sociedade civil e o produtor, prova que é possível desenvolver sem precisar desmatar. Muitos produtores valorizam o bem ambiental e esse é um dos caminhos para chegar à sustentabilidade”, afirma o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho.
O coordenador da Coalização Brasil Clima, Floresta e Agricultura, Marcelo Furtado, defende a importância de valorizar quem faz certo. “Precisamos identificar quem faz parte desse 1,2% e deixar o consumidor e o mercado decidirem se eles querem ser coniventes com o desmatamento”.
Desde o início da Moratória, a área cultivada com soja na Amazônia mais que triplicou. Para o diretor-executivo do IPAM, André Guimarães, este é um mecanismo de mercado que atingiu alto grau de sucesso e deve ser expandido para outros biomas. “A Moratória da Soja é um compromisso importante que busca soluções para a redução do desmatamento entre diferentes atores. E este é um processo de diálogo que deve ser levado para outros biomas.”
Durante o evento foi anunciada a formação do Grupo de Trabalho do Cerrado (GTC). O bioma Cerrado é desmatado cinco vezes mais rápido do que a Amazônia.
“O sucesso da Moratória da Soja é reconhecido em diversos foros nacionais e internacionais. Essa iniciativa de mercado está consolidada há mais de uma década e vem contribuindo significativamente tanto para o aumento da produção de soja quanto para a preservação da vegetação nativa na Amazônia. Precisamos aproveitar essa expertise e replicar esse modelo bem sucedido para outros biomas, principalmente o Cerrado, que vêm enfrentando preocupantes taxas de conversão historicamente”, afirma a pesquisadora do IPAM, Gabriela Russo.