quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Fauna amazônica presta serviço de US$ 5 tri


Fonte:  EcoDebate 28/01/ 2016  
Estimativa corresponde ao carbono mantido na floresta por macacos e antas ao dispersar sementes de grandes árvores, afirmam pesquisadores do Reino Unido e do Brasil

Macaco-aranha (Foto: Sérgio Pucci/The Nature Conservacy)

Por Claudio Angelo, do Observatório do Clima
Enquanto Dilma Rousseff e Nelson Barbosa se estapeiam com o Congresso por alguns bilhões de reais de CPMF, um serviço cujo valor é estimado em pelo menos US$ 5 trilhões, quase três vezes o PIB do Brasil, vai sendo literalmente abatido a tiros no norte do país: trata-se do valor do carbono mantido na Amazônia por grandes animais, como o macaco-aranha e a anta, mortos por caçadores.
A estimativa acaba de ser publicada por um grupo de cientistas do Brasil, dos EUA e do Reino Unido, liderados por um amazônida: o paraense Carlos Peres, professor da Universidade de East Anglia, na Inglaterra.
Esses animais de grande porte, afirma o grupo, guardam a chave para a fixação de parte expressiva do carbono da floresta amazônica – que, por sua vez, estoca sozinha metade do carbono das florestas tropicais do planeta. Eles são os responsáveis por dispersar as sementes das árvores de madeira de lei, que têm o maior teor de carbono.
A caça de antas, macacos-aranha e macacos-barrigudos, cuja carne é apreciada nas zonas rurais da Amazônia, pode levar a perdas de 2,5% a 5,8% da biomassa da floresta, em média, chegando a quase 38% em alguns locais onde esses bichos foram extintos pelos caçadores. Extrapolando esse valor para toda a área da Amazônia, e considerando um valor da tonelada de carbono de modestos US$ 5 no mercado internacional de emissões, Peres e colegas estimaram que esses bichões prestam um serviço de US$ 5 trilhões a US$ 13 trilhões inteiramente de graça, apenas comendo frutos dessas árvores e defecando suas sementes.

‘Municípios Verdes’ apresenta plano de trabalho na Base Tapajós


Lançamento da Base Tapajós foi realizado nesta quarta-feira, em Santarém. Núcleo vai monitorar ações de oito municípios da região.
O lançamento da Base Tapajós do Programa Municípios Verdes (PMV) foi realizado na manhã desta quarta-feira (27), no Centro Municipal de Informação e Educação Ambiental (Ciam), em Santarém, oeste do Pará. Na ocasião, os coordenadores do programa apresentaram o plano de trabalho a ser desenvolvido pela unidade.
O núcleo vai monitorar as ações de oito municípios com o objetivo de contribuir com ações de mobilização para a realização de pactos locais, para o monitoramento e controle do desmatamento e implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR). As cidades atendidas pela base Tapajós são Santarém, Prainha, Mojuí dos Campos, Belterra, Óbidos, Monte Alegre, Aveiro e Alenquer. “O município tem que cumprir metas para estar quite com o programa e ser reconhecido como município verde. A base local vai auxiliar nesse processo, fazer o monitoramento e vai estar trabalhando com o fortalecimento da gestão ambiental nesses municípios” , explicou a coordenadora de gestão ambiental do PMV, Juliane Moutinho.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Audiência pública em Santarém promove debate sobre irregularidades e impactos de hidrelétrica

Fonte MPF PA

Evento marcado para o próximo dia 29 pretende possibilitar a cidadãos do oeste paraense acesso a informações sobre o projeto da usina São Luiz do Tapajós
Audiência pública em Santarém promove debate sobre irregularidades e impactos de hidrelétrica
O Ministério Público Federal (MPF) publicou nesta terça-feira, 12 de janeiro, edital com convite a todos os cidadãos de Santarém e região oeste do Pará para participação em audiência pública sobre irregularidades e possíveis impactos da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, que o governo federal pretende instalar no rio Tapajós.
A audiência pública será realizada no próximo dia 29, a partir das 14 horas, no auditório da Associação Comercial e Empresarial de Santarém (Aces), localizado na Praça da Bandeira, 565, no centro de Santarém.
Com o evento, o MPF pretende estimular o compartilhamento de dados úteis para que sociedade regional possa conhecer mais aprofundadamente o projeto, suas irregularidades e consequências.
A programação da audiência pública prevê a apresentação de detalhes sobre o processo judicial por irregularidades no licenciamento ambiental e investigações do MPF sobre o projeto. Em seguida cientistas e outros especialistas apresentarão as principais falhas e omissões nos estudos ambientais.

Açaí terá aumento de 360 mil toneladas



Produção deve crescer em 8 anos com a expansão da área cultivada


Fonte: O Liberal 25 DE JANEIRO 2016
A produção do açaí vai aumentar em 360 mil toneladas anuais nos próximos oito anos, com a expansão em um terço da área atualmente cultivada, conforme planejamento elaborado pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) a partir do Programa Pró-Açaí, que será lançado hoje, em Belém. Hoje, o Pará é o maior produtor nacional de açaí, com 154 mil hectares de área plantada e manejada em 12,8 mil propriedades rurais distribuídas em todo o estado, com produção anual de um milhão de toneladas de frutos. A partir do Pró-Açaí, a Sedap vai expandir em 50 mil hectares a área cultivada com fruto no período de 2016 a 2020, gerando um ganho de 36% na produção até 2024, quando todas as novas áreas cultivadas estarão produzindo de forma plena.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Cavalgada no Marajó é novo produto turístico do Pará


Fonte: Portal Amazônia 24/01/2016


Com foco no mercado internacional, o Estado já começou a comercializar a cavalgada em vários sites de viagens especializados
Foto: Divulgação/Agência Pará

BELÉM - Já imaginou conhecer a Ilha de Marajó em cima de um búfalo? Ou montando num cavalo? Em 2016, o Pará vai contar com uma nova atração turística: a Cavalgada no Marajó. O passeio está sendo organizado em parceria com a agência Cavalgadas Brasil, especializada no turismo equestre, com expertise e parcerias estrangeiras.
De acordo com a diretora de Produtos Turísticos da Setur, Conceição Silva, a cavalgada se enquadra no segmento do turismo de aventura. “O local escolhido para esta experiência é encantador. O Marajó com seus campos e alagados e ainda a presença de garças, guarás, peixes, sua vegetação, dentre outros, proporciona um belo espetáculo”, afirmou a diretora.
Com foco no mercado internacional, a agência já começou a comercializar a cavalgada em vários sites de viagens especializados de vários países. Países como Estados Unidos, Alemanha e França já possuem pacotes exclusivos para a ilha de Marajó. 
“Somos uma agência de viagens especializada em turismo equestre. Cada cavalgada oferecida já foi feita por algum de nós mais de uma vez e nossas viagens se transformam em uma experiência única para nossos clientes. Já iniciamos a divulgação do destino Marajo como Amazon Delta Ride”, conta o empresário e diretor da agência Cavalgadas Brasil, Paulo Junqueira Arantes.

El Niño pode provocar temperatura acima da média na Amazônia


Fonte: Portal Amazônia 25/01/2016
O ano de 2016 pode registrar outro recorde de aumento na temperatura da terra pelo fenômeno El Niño
RIO BRANCO - O serviço meteorológico do governo britânico Met Office divulgou a notícia de que em 2016 pode ser registrado outro recorde de aumento na temperatura da terra. Dados da NASAmostram que até o momento, o ano mais quente desde de 1880, quando as medições globais começaram a ser feitas, foi 2015
Os efeitos do tão falado aquecimento global começam na água. Como a maior parte do planeta é composta por água, a alteração da circulação marinha influencia a mudança do clima, onde aumenta ou diminui a temperatura no planeta. Esse é o fenômeno El Niño.
Efeito tem causado aumento da temperatura, onde ocorre a seca e queimadas pela região. Foto: Reprodução/Assessoria
Em dezembro do ano passado, o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) promoveu o evento Pré-Cheia. Com o objetivo de discutir as condições climáticas que contribuíram para que a temperatura ficasse acima da média no mês de novembro, teve o objetivo de analisar previsões para os meses de dezembro de 2015, janeiro e fevereiro de 2016.

De acordo com estudo realizado pelo Sipam durante esse trimestre, as águas do Oceano Pacífico tropical continuam aquecidas, com valores maiores do que 2°C acima da média. 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Municípios do Marajó e Calha Norte receberão energia de qualidade


Fonte: Agência Pará de Notícias 20/01/2016

Cerca de R$ 250 milhões vão ser investidos pelo Governo do Estado e pelas Centrais Elétricas do Pará (Celpa) para levar energia de qualidade e estável para municípios do Marajó e da Calha Norte, na região oeste do Pará. No total, 10 municípios serão beneficiados, além de vilas e comunidades rurais. O valor foi anunciado durante a assinatura de um protocolo de intenções nesta quarta-feira (20) entre o Governo do Estado e a Celpa.
Os recursos serão de R$ 120 milhões por parte do Governo, através do Programa de Investimentos em Áreas Sociais (PIS), cabendo à Celpa investir os outros R$ 130 milhões. Atualmente, grande parte dessas duas regiões é abastecida por grupos geradores, que são sistemas mais caros, pois dependem do preço do óleo diesel, e também menos estáveis, por exigirem muita manutenção nos equipamentos utilizados. “Essa é uma necessidade histórica e grande do Marajó. Lembro que ainda criança, na década de 80, a gente já ouvia falar em linhão e, finalmente, estamos deixando só de ouvir falar para ver com nossos próprios olhos. Tenho certeza da alegria que será para o nosso povo quando ele estiver concluído”, afirma Consuelo Castro, prefeita de Ponta de Pedras e presidente da Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó (Amam).

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Estudo alerta para emissões de novas hidrelétricas na Amazônia

Image copyrightThinkstock
Image captionEmissões em hidrelétricas geralmente ocorrem quando a matéria orgânica do solo ou na vegetação é inundada, produzindo gás metano
Seis das 18 hidrelétricas que o governo ergueu recentemente, está erguendo ou pretende erguer na Amazônia poderão emitir níveis de gases causadores do efeito estufa equivalentes aos de usinas alimentadas por combustíveis fósseis, segundo um estudo publicado na revista científica americanaEnvironmental Research Letters.
Divulgada em dezembro, a pesquisa empregou um método inédito para calcular as emissões de gás carbônico e metano geradas na formação dos reservatórios e construção das usinas.
A análise apontou uma alta probabilidade de que as hidrelétricas de Cachoeira do Caí (PA), Cachoeira dos Patos (PA), Sinop (MT), Bem Querer (RR), Colíder (MT) e Marabá (PA) gerem emissões comparáveis às de usinas de gás natural, fonte normalmente mais poluente que a hidráulica mas menos poluente que os demais combustíveis fósseis.
Em alguns casos – como os de Sinop e Cachoeira do Caí –, as emissões poderiam até superar as de usinas de carvão, o mais poluente dos combustíveis fósseis.
Image copyrightGreenpeace
Image captionPesquisadores citam estudo que diz que desmatamento pode reduzir a vazão do Xingu, afetando performance de Belo Monte (acima)

Justiça suspende Licença de Operação de Belo Monte por desobediência a decisão judicial

Fonte EcoDebate 15/01/2016

Obrigação de reestruturar a Fundação Nacional do Índio, prevista como condicionante em 2010 e nunca cumprida, foi determinada também por liminar. Mesmo assim, até hoje permanece atrasada

Obras na UHE de Belo Monte. Foto de arquivo EBC

Justiça suspende Licença de Operação de Belo Monte por desobediência a decisão judicial
A Justiça Federal de Altamira determinou a suspensão da Licença de Operação da usina de Belo Monte até que a Norte Energia SA e o governo brasileiro cumpram a obrigação de reestruturar a Fundação Nacional do Índio (Funai) na região para atender os índios impactados pelo projeto. A condicionante já constava na licença prévia da usina, concedida em 2010, mas nunca foi cumprida. Em 2014, o Ministério Público Federal acionou a Justiça, que ordenou por meio de liminar o cumprimento da condicionante. Até hoje, com todos os impactos atingindo severamente os povos indígenas, a reestruturação não aconteceu.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Saiba quais são os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU


Fonte: Agência Brasil 28/09/2015
Os 17 objetivos e 169 metas para o desenvolvimento sustentável listados no documento "Transformando nosso mundo" foram adotados hoje (25) pelos países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU), para serem cumpridos até 2030. Os Objetivos do Desenvolvimeto Sustentável têm abrangência mundial e buscam refletir todas as grandes problemáticas sociais. Os ODS substituem os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), vigentes até o fim deste ano. O compromisso voluntário dos países está sendo formalizado na Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, que vai até domingo (27) em Nova York.
Fome e nutrição 
Os objetivos 1 e 2 propõem acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares; e erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável, respectivamente. O assessor sênior da ONU, Haroldo Machado Filho, destaca que os objetivos ampliam a abordagem de temas vinculados aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), mas agora com alcance mundial, especialmente o primeiro. A meta é mais ambiciosa que a proposta nos ODM, que falava em reduzir pela metade o número de pobres e daqueles que passavam fome.
“Isso é absolutamente desafiador, mas temos a visão muito clara de que é possível que esta seja a primeira geração capaz de acabar com a pobreza no mundo. A gente tem essa oportunidade. Há uma série de soluções disponíveis para chegarmos lá”, disse.
Bem-estar, educação e igualdade de gênero

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Amazônia: verdades que não se curam


Fonte: Carta Maior 22/07/2015

O povo brasileiro adotou o método químico para cuidar de seus males, ajudando a indústria farmacêutica que contrabandeiam nossa medicina natural.


Najar Tubino
Ana_Cotta / Flickr
O povo Huni Kuin, do rio Jordão no Acre lançou o Livro da Cura, reunindo 109 plantas medicinais da Amazônia e seus usos – uma parceria com o Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e a Editora Dantes. A tradução de Huni Kuin é o povo verdadeiro e eles formam 33 aldeias no rio Jordão com mais de sete mil habitantes e também vivem no Peru. Mas a verdade é que das 30 mil plantas catalogadas da Amazônia, sendo duas mil espécies medicinais e outras 1.250 aromáticas apenas 2% foram analisadas. O Brasil importa 85% da matéria-prima usada na produção de medicamentos, um setor que no ano passado faturou R$67,5 bilhões no país. O professor aposentado da UNICAMP, Lauro Barata, especialista em botânica, ressalta que apenas as madeiras fazem parte da pauta de exportação da região Norte. As madeireiras já detonaram 3,5 milhões de árvores, sendo que 72% da madeira serrada são de baixo valor agregado.
 
O Brasil é o país do agronegócio, dos transgênicos das multinacionais, das tecnologias de medicamentos importados, e até mesmo dos fitoterápicos, cuja matéria-prima também é importada – um mercado de R$500 milhões. O faturamento da indústria farmacêutica beira o US$1 trilhão de dólares no mundo e as avaliações são que 7% desse mercado são abastecidos pelos fitoterápicos e pelas plantas medicinais. Desde 2006, o governo federal tenta implantar as metas da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Entretanto, os brasileiros estão viciados em drogas químicas, segundo uma pesquisa do Datafolha sobre saúde e medicalização, realizada em 132 municípios brasileiros, 54% da população toma algum medicamento regularmente – de vitamina a antidepressivo. A consultoria internacional IMS Health avalia que em 2016 seremos o quarto mercado consumidor de medicamentos no planeta. 
 
O Congresso votou pelo saque do patrimônio genético
 
Além disso, a indústria de higiene, perfumaria e cosméticos faturou em 2014, R$101 bilhões. O Brasil possui 50 mil espécies de plantas, 30 mil na Amazônia, 16 mil na Mata Atlântica e sete mil no cerrado. Nunca desenvolvemos medicamentos usando matéria-prima nativa. A exceção ocorreu em 2005, quando o Laboratório Aché produziu um anti-inflamatório da planta “Cordia Verbenácea”, que está sendo registrado nos Estados Unidos e na Europa. Em 2008, um grupo de pesquisadores lançou um documento em prol da ciência e tecnologia da Amazônia, onde era reivindicado a criação de três novos institutos técnico científicos e três novas universidades, entre outras coisas, um investimento de R$30 bilhões em 10 anos. Pelo menos uma universidade foi criada, a Universidade Federal do Oeste do Pará, com sede em Santarém.
 
Mas isso não é nada perto do tamanho e a importância da Amazônia. Enquanto a biopirataria saqueia nossas riquezas, assistimos o Congresso Nacional votar uma lei de biodiversidade que privatizaria o patrimônio genético brasileiro. Só não ocorreu o pior porque a presidenta Dilma Rousseff vetou cinco pontos da nova lei. A única coisa que nem os políticos, nem a burocracia oficial, que enquadra o uso de plantas medicinais e produção de fitoterápicos como qualquer outro medicamento – obrigatoriedade de testes de todos os tipos, análise clínica e por aí vai-, conseguiram derrubar é a iniciativa dos povos e comunidades tradicionais, que continuam usando as plantas brasileiras para curar suas doenças. Sem contar que a população pobre não tem dinheiro para comprar químicos.
 
Falta vontade política
 
Sempre tem uma banca de ervas em alguma esquina do cerrado, do norte, e do nordeste, além dos mercados públicos do sul e do sudeste, que comercializam plantas, xaropes, pomadas, cremes etc. O pesquisador Juan Revilla, do INPA, também especialista em botânica e representante da região norte junto ao Ministério da Saúde, diz que a inclusão das plantas medicinais e os medicamentos fitoterápicos não é incluída na Atenção Básica do SUS por falta de vontade política. Ele coordena um projeto chamado “Farmácia Viva”, no município de Manaquiri, a 50 km de Manaus, que desde 2006 incentiva à população a usar as plantas medicinais da região. O viveiro conta com mais de 50 mil mudas de 120 espécies produzidas em 150 hectares.
 
Desde esta época a ANVISA recomenda que os estados e municípios façam inventários, criem grupos de trabalho, estudem sua flora local para incentivar o uso de plantas medicinais e fitoterápicos. A questão para o Brasil deveria ser estratégica, não somente porque temos um território de mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Nos regiões distantes, onde vive a população pobre, os médicos brancos brasileiros não querem trabalhar. Foi o cubano Javier Lopez Salazar, por exemplo, que reintroduziu o uso de plantas medicinais na aldeia Kumenê, do povo Palikur, onde são atendidas 1576 indígenas, a 590 km de Macapá – mais sete horas de barco de Oiapoque.
 
Há 30 anos, uma missão evangélica destruiu os conceitos dos indígenas e implantou os do cristianismo ocidental, e acabou com o uso das plantas medicinais. Foi Javier quem convenceu as lideranças da aldeia e o pessoal de saúde que era importante retomar o uso das plantas locais. O exemplo dele está sendo divulgado pela Organização Pan-americana de Saúde e a OMS num vídeo reportagem, que faz parte de uma série sobre a atividade dos profissionais do Programa Mais Médicos. O professor Juan Revilla diz que 95% dos problemas do município onde foi implantado o projeto “Farmácia Viva” poderiam ser resolvidos pela Atenção Básica do SUS com as plantas da região. Por sinal, o primeiro curso de Saúde Coletiva, da Universidade Estadual do Amazonas, formará a primeira turma com 22 alunos em 2016.
 
O sonho do pajé
 
A história do pajé Agostinho Manduca Ika Muru, do povo Huni Kuin é mais uma iniciativa fora da mediocridade da política brasileira. Por 30 anos, ele anotou em pequenos cadernos as informações sobre as plantas da região e seus usos, consultando outros pajés e os mais velhos. O pesquisador botânico Alexandre Quinet, do Rio de Janeiro encontrou com o pajé em uma de suas viagens e ficou sabendo do seu sonho de fazer um livro, que seria útil para os aprendizes de pajé. Em 2011, eles conseguiram reunir uma equipe de especialistas, incluindo taxonomistas – identificam as plantas – e 22 pajés durante 15 dias. Poucos dias depois Agostinho morreu. No ano passado foi lançado o Livro da Cura, com três mil exemplares, sendo mil produzidos com um material especial, feito a partir de PET, que é impermeável, para distribuição nas aldeias. Das 351 espécies descritas pelos pajés, os pesquisadores coletaram 196 e 109 estão no livro. As amostras devidamente identificadas estão no herbáreo do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro.
 
O saque continua
 
O IBAMA tem um cálculo antigo que a biopirataria rouba do Brasil em torno de US$6 bilhões por ano em plantas, animais ou fósseis. São clássicos os casos de registros de frutas como o cupuaçu no exterior. Uma substância do veneno da jararaca brasileira, conhecida como captopril, foi sintetizada pelo laboratório americano Bristol Myers Squibb e usada no medicamento Capoten, um regulador da pressão arterial, garantindo vendas de US$5 bilhões no mundo. O pau-rosa é usado como fixador de perfumes desde a década de 1930, e entra na composição do Chanel nº5. Castanhas como a andiroba e o óleo de copaíba estão sendo registrados em várias regiões do mundo. Assim como fizeram com o Curare, que os indígenas usam para amortecer as presas nas caçadas, ou com o ayahuasca, o cipó alucinógeno da Amazônia.      
 
A verdade é que em pleno século XXI, da era digital, do celular ligado 24 horas, a Amazônia continua sendo saqueada, como foi nos séculos passados, e por desinformação total, o povo brasileiro adotou o método químico para cuidar de seus males, ajudando a indústria farmacêutica e química mundial, que querem a todo custo se apoderar desse patrimônio.

Pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas desenvolvem telha sustentável

Fonte EcoDebate 06/01/2016

Ecotelha
Ecotelha é desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas – Divulgação Fapeam
Pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) estão desenvolvendo o protótipo de uma telha sustentável. Ela é feita, principalmente, com fibras naturais da Amazônia, como a malva e a juta, e com uma argamassa que inclui areia, resíduos de cerâmica e pouco cimento.
Essa composição, segundo o subcoordenador da pesquisa, o doutor em engenharia João de Almeida Melo Filho, dá mais resistência ao material e pode melhorar a sensação térmica nas residências localizadas nas regiões mais quentes do país. “Além de ter menos cimento em sua constituição, ela tem também areia, que se torna um material mais barato, além das fibras naturais. A matriz que utiliza o cimento é muito frágil e as fibras naturais é que vão dar a verdadeira resistência a esse material. O conjunto que a gente chama de “material compósito” vai produzir um material com maior resistência mecânica. E a gente já verificou que tem maior desempenho térmico devido ao uso de resíduos cerâmicos”, garantiu.
Para o pesquisador, a telha sustentável terá boa aceitação pelos consumidores porque, além de ser mais barata, será parecida com as disponíveis no mercado. João de Almeida acredita que a utilização das fibras naturais para a produção das ecotelhas também vai estimular o trabalho de produtores ribeirinhos. “A gente acredita que o fato de o cultivo dessas fibras ser feito, principalmente, por comunidades ribeirinhas, a utilização dessas fibras no desenvolvimento de um material de construção e a possibilidade de que seja usado em grande escala vai incentivar essas comunidades a produzir e aumentar sua renda.
O pesquisador informou que o protótipo da ecotelha deve ficar pronto em 12 meses. Após esse processo, ele disse que será necessário um patrocínio para adquirir o maquinário destinado à produção em larga escala. O projeto recebe o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas. A entidade concede R$ 50 mil, por meio do programa Sinapse da Inovação, para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras.
Por Bianca Paiva, da Agência Brasil, in EcoDebate, 06/01/2016