terça-feira, 7 de julho de 2015

Pesquisas ajudam a viabilizar a criação de Pirarucu (Arapaima gigas) em cativeiro

Fonte: EcoDebate 07/07/2015

Detalhe do Pirarucu (Arapaima gigas). / ©: WWF/Michel Roggo

Resultados de pesquisa que ajudam a viabilizar e tornar mais eficiente a criação de Pirarucu (Arapaima gigas) em cativeiro começam a chegar diretamente a produtores que cultivam essa espécie de peixe na região norte do Brasil. Isso está sendo viabilizado por meio de ações do projeto “Pirarucu da Amazônia: ações de pesquisa e transferência de tecnologias”, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA).
O pirarucu é nativo da região amazônica e um dos maiores peixes de água doce do mundo. Sua carne tem boa aceitação na culinária e é apreciada pelo sabor, maciez e quantidade de filé. “O pirarucu tem um rendimento de filé superior a outras espécies, é uma carne de alto valor para os restaurantes e chefs de cozinha, tem várias características do pescado que são apreciadas pelo mercado consumidor e para um perfil de consumidor que busca produtos de melhor qualidade”, destaca a pesquisadora da Embrapa, Adriana Lima, líder do projeto Pirarucu da Amazônia. “Além de ter o carimbo de ser um produto da região amazônica, tem características de interesse para o mercado nacional e internacional”, afirma a pesquisadora.
Parte das técnicas de criação de pirarucu vem do conhecimento empírico dos produtores e de estudos técnicos realizados nos últimos anos. “É uma espécie que ainda demanda muita tecnologia e estudo porque não está em nível muito alto de avanço científico e tecnológico. E nesse projeto temos várias ações de pesquisa tentando resolver gargalos da produção e estamos avançando”, afirma a pesquisadora da Embrapa, líder do projeto. A equipe deste projeto realiza pesquisa científica em diferentes áreas do conhecimento, envolvendo reprodução, manejo da produção, genética, nutrição, sanidade e, paralelamente, realiza ações de transferência de tecnologia para levar esse conhecimento e novos processos aos produtores. A pesquisa acontece nos sete estados da região Norte, com envolvimento das unidades da Embrapa nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, tendo a coordenação da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO).

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Eles valem mais vivos do que mortos

Fonte: Revista Página 22 06/07/2015

Comunidades ribeirinhas no Amazonas preparam-se para receber de volta peixes-boi resgatados da captura ilegal, graças a projetos de conservação 
brasiaentro
O Rio Uatumã, “boca grande” na língua indígena, tornou-se símbolo do apetite predatório na maior floresta tropical do planeta e hoje luta para reverter a má fama. Seus 660 quilômetros desde a nascente, no Planalto das Guianas, até a foz, no Rio Amazonas, cruzam a área da qual o pau-rosa foi extraído indiscriminadamente para a indústria de cosméticos até chegar à beira da extinção, com grave prejuízo ao sustento da população. A região foi também reduto da matança do peixe-boi-da-amazônia, que teve ápice no início do século XX. O couro do animal servia à fabricação de correias para máquinas e até dobradiças de portas. Com a banha, produzia-se óleo para lamparinas e iluminação pública. Assim, entre 1930 e 1950 mais de 200 mil exemplares da espécie teriam sido abatidos como alternativa econômica à decadência da borracha. 

IPAM divulga análise sobre financiamentos não reembolsáveis para a gestão ambiental municipal e seus desafios

Fonte: IPAM 02/07/2015

Marcela Bandeira | IPAM

Foi lançado no dia 09 de junho, a quinta edição do Boletim Amazônia em Pauta, que desta vez analisa os financiamentos não reembolsáveis para a gestão ambiental municipal e seus desafios. De acordo com o estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Ambiental da Amazônia (IPAM) em parceria com o Centro de Estudos em Administração Pública e Governo da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (CEAPG-FGV/EAESP), o cenário para financiamento não reembolsável de projetos ambientais municipais é pouco otimista.
A pesquisa mostra que as responsabilidades na área de gestão ambiental têm sido cada vez mais atribuídas aos municípios. Porém, essa descentralização não tem sido acompanhada na mesma proporção da provisão de recursos financeiros, humanos, institucionais, informacionais, técnicos, entre outros necessários para serem atendidas.
Para os pesquisadores, este cenário exige que a secretaria ou departamento municipal de meio ambiente exerça diferentes papéis, que aumentam a complexidade de sua já fragilizada atuação, como propositora de projetos, apoiadora de organizações da sociedade civil local e articuladora com outros municípios e entes governamentais.

Tecnologias do Plano ABC têm alto potencial de mitigação de gases de efeito estufa na agropecuária

Fonte: EcoDebate 06/07/2015

Estudo do Observatório ABC estima redução de 1,8 bilhão de toneladas de CO2 em onze anos com adoção de técnicas sustentáveis
O potencial de mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE) da agropecuária brasileira é dez vezes maior do que a meta estipulada pelo Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), e pode chegar a 1,8 bilhão de toneladas de CO2 equivalente entre 2012 e 2023, apenas pela adoção de três das tecnologias preconizadas pelo ABC – recuperação de pastagens, integração lavoura-pecuária e integração lavoura-pecuária-floresta – em 52 milhões de hectares de pastos degradados.
Esta é a principal conclusão do estudo “Invertendo o sinal de carbono da agropecuária brasileira – Uma estimativa do potencial de mitigação de tecnologias do Plano ABC de 2012 a 2023″, lançado pelo Observatório ABC ontem, 01/07, em São Paulo. Coordenado pelo pesquisador da Embrapa, Eduardo Assad, o estudo projeta os resultados em dois cenários: com e sem a adoção de tecnologias que reduzem as emissões de GEE. O cálculo considerou a expansão da agropecuária brasileira prevista para os próximos 11 anos, segundo estimativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Para Eduardo Assad, os dados mostram que as emissões da agropecuária são neutralizadas pelas tecnologias de baixa emissão de carbono, já considerando o aumento do número de animais no sistema produtivo. “Apesar do aumento das emissões pela fermentação entérica, as mesmas são neutralizadas pelo alto armazenamento de carbono no solo devido ao manejo correto dessas tecnologias de baixa emissão em comparação ao estoque de carbono no solo de pastos degradados”, esclarece Assad.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Vale: o paradoxo da destruição

Fonte: Carta Maior: 30/06/2015

Para a empresa privatizada pelo tucanato, o que vale é o minério a ser extraído: dane-se a água, o ar, o solo e as sociedades locais.

Najar Tubino
Vinicius Depizzol / Flickr
A empresa está entre as maiores mineradoras do mundo, é a número um na extração de ferro, nas manufaturas chamadas pelotas e em níquel. Em 2014, teve receita líquida de US$37,5 bilhões, pagou US$4,2 bilhões em dividendos, contabilizou oito mortes por acidentes de trabalho e recebeu 3.096 reclamações e demandas das comunidades, a maioria em Minas Gerais e Pará, embora atue em 30 países. No Relatório de Sustentabilidade 2014 da empresa também constam 44 casos de conflitos pelo uso da terra, com 33 ocupações “indevidas” e remoções de 8.406 famílias em Moçambique e Malauí, para construção do Corredor de Nacala, cujo objetivo é transportar carvão mineral da mina de Moatize para o porto via ferroviária. Com 73 anos de operação, 18 deles como empresa privada, negociada por US$3,4 bilhões em 1997, certamente a maior barbada que o mercado mundial conheceu no século XX – uma das grandes obras do tucanato brasileiro – criou uma ouvidoria há um ano.
 
É uma multinacional brasileira, e uma das quatro maiores mineradoras do mundo, juntamente com a Rio Tinto, a BH Billiton e a Anglo American. Todas destroem o ambiente onde atuam, provocando alterações no ar, no solo e na água, extinguindo espécies animais, vegetais e vidas humanas. O que fazem atualmente, nesta fase histórica do capitalismo esclerosado, são compensações pelo estrago. A linguagem poética, lúdica e apaixonante destes relatórios de sustentabilidade cheira a ovo podre, é uma mistura de hipocrisia com demagogia barata. O relatório da Vale tem 119 páginas, bem ilustradas. Este ano também foi divulgado o Relatório Insustentabilidade 2015, do Movimento dos Atingidos pela Vale, com 32 páginas.
 
Hipocrisia – paixão pelas pessoas e pelo planeta

ISA publica dossiê “Belo Monte – Não há condições para a Licença de Operação”

Fonte: ISA 29/06/2015



Documento aponta as principais consequências do desrespeito às condicionantes socioambientais da hidrelétrica que está sendo construída na região de Altamira (PA), no momento em que o Ibama avalia a autorização da operação da usina. O dossiê está disponível para download aqui

No escritório da Norte Energia, em Altamira, empresa responsável pela usina de Belo Monte, um calendário aponta: “faltam 64 dias para a Licença de Operação”. Já dada como certa, a última licença ambiental da obra foi solicitada ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) em 11/2.
Nesta segunda (29/6), o ISA divulga um dossiê com a síntese dos principais erros e omissões, tanto da Norte Energia como do governo federal, na condução das obrigações socioambientais relacionadas à Belo Monte. O material também traz uma coletânea de 24 artigos escritos por especialistas, técnicos e representantes de instituições que acompanharam de perto o descompasso entre a execução da obra e a realização das ações de mitigação e compensação de impactos na região afetada.
Nessa última etapa do licenciamento ambiental, não será possível transferir descumprimentos e pendências para a fase seguinte, como aconteceu repetidas vezes, desde a primeira licença ambiental do empreendimento, em 2010. Se a licença de operação for emitida sem o atendimento de todas as condições que pretendem viabilizar a operação da obra, não haverá nova oportunidade para exigir a resolução dos problemas causados pelo empreendimento.
O dossiê denuncia que temas sensíveis à região amazônica têm sido tratados com descaso. O aumento da exploração ilegal de madeira, a destruição da atividade pesqueira da região, a perda do modo de vida ribeirinho e indígena e um atropelado processo de reassentamento de populações urbanas e rurais são evidências das falhas ocorridas ao longo do processo.

Belo Monte ainda é uma triste história sem final definido, por Telma Monteiro

Fonte: EcoDebate 03/07/2015


belo monte
Nota
Em atenção às mensagens que recebi, por email e pelo Twitter, pedindo para recontar a história de Belo Monte, resgatei e atualizei um artigo meu de 2010. Não tenho a pretensão de mostrar nada novo, mas de recuperar alguns momentos da trajetória do processo doloroso que tem sido Belo Monte. Tudo já foi escrito e falado com perfeição por muita gente boa, apenas creio que nunca é demais relembrar os fatos e tentar tirar deles algumas lições. Para aqueles que estão tomando conhecimento agora da luta contra Belo Monte, pode ser importante dar uma lida no texto.
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[Correio da Cidadania] Belo Monte está sendo construída no rio Xingu, um dos mais importantes afluentes do rio Amazonas. A Bacia do rio Xingu ocupa dois estados na região Norte do Brasil: Pará e Mato Grosso. A construção de Belo Monte vai afetar globalmente Terras Indígenas, Unidades de Conservação e populações tradicionais, além de ameaçar a biodiversidade de um trecho de 100 quilômetros da Volta Grande do Xingu.
Duas barragens no projeto de Belo Monte vão criar dois reservatórios ligados por 40 quilômetros de canais escavados sobre rocha para desviar o Xingu e mais dezenas de diques de contenção das águas. Serão 668 quilômetros quadrados entre áreas de floresta, igarapés, leito do rio e áreas naturalmente sazonais e que serão permanentemente inundadas pelos reservatórios. Partes ainda não definidas da cidade de Altamira serão também alagadas pelo reservatório principal. A população sofre com a falta de informações confiáveis.
Estudos de vários especialistas apontaram a inviabilidade econômica, ambiental e social de Belo Monte. O rio Xingu é um rio sazonal que corta a Amazônia onde os períodos de cheia e seca são muito acentuados.
Especialistas afirmam ser impossível gerar 4.500 MW médios (é a máxima produção de energia que pode ser mantida quase que continuamente pelas usinas hidrelétricas ao longo dos anos) de energia barrando um rio com as características e com o histórico de vazões do Xingu. O projeto é da estatal brasileira Eletrobrás, das empresas Camargo Corrêa, Construtora Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez e prevê a capacidade instalada (limite da produção ou a capacidade máxima de produção) de 11 mil MW. Na verdade, estudos comprovaram que pode chegar a apenas 1.200 MW médios no ano.
Belo Monte só produziria essa energia planejada por seus criadores se fosse acompanhada de outros barramentos de regularização a montante (rio acima).
O governo brasileiro afirma que o projeto, incapaz de produzir essa energia, exigirá investimentos da ordem de US$ 10,5 bilhões e empresas privadas já especularam que os valores podem chegar a US$ 16,6 bilhões.
A história de Belo Monte