segunda-feira, 25 de maio de 2015

Manejo de Pastagem Ecológica e a produção de água, artigo de Jurandir Melado

Fonte: EcoDebate 25/05/2015

(*) Jurandir Melado
[EcoDebate] Como os pecuaristas podem contribuir na produção de água e de passagem recuperar e aumentar a produtividade das pastagens, melhorar a saúde e bem-estar dos animais e se livrar da pecha de inimigos do Meio Ambiente.
O verão 2014-2015 provavelmente ficará marcado como o período em que a consciência da população brasileira despertou definitivamente para necessidade de se tratar com mais seriedade a questão da água.
Quase que diariamente aparecia no noticiário a crise hídrica da maior cidade do país onde, parecendo capítulos de uma novela de suspense, era divulgado o nível cada vez mais baixo dos reservatórios do Sistema Cantareira, principal abastecedor de água da cidade de São Paulo. Com o início da utilização dos “volumes mortos” – reservas existentes abaixo do nível normal de captação dos reservatórios -, a preocupação só aumentou. O que fazer para se evitar um possível colapso do abastecimento d´água, com todas as suas terríveis consequências?
A imprensa tem dado ênfase às inúmeras medidas e atitudes oficiais e da população que podem contribuir para diminuir o problema. Melhorias nos sistemas de captação, tratamento e distribuição da água tratada é tema constante. E não sem razão, já que historicamente no Brasil cerca de 30 % da água tratada se perde antes que tenha o seu uso previsto. Outro ponto de aceitação pacífica é a necessidade de racionalização do uso da água, em todos os setores da sociedade, com mudanças de atitude visando formas mais eficientes de uso da água e exclusão de hábitos perdulários. A armazenagem e utilização da água das chuvas, o reuso das águas servidas nas residências e empresas e o tratamento do esgoto prevendo o reuso da água são também alternativas bastante discutidas.
Pouco se fala, porém de uma coisa que considero da maior importância: a produção de água. Sabemos que a produção de água é afetada por inúmeros fatores que vão desde consequências do aquecimento global a períodos cíclicos de seca ou diminuição do índice de chuvas em determinadas regiões causadas seja por fenômenos naturais ou atitudes equivocadas da “civilização moderna”.
O problema da falta d’água às vezes se apresenta de forma tão grave e generalizada – como tem ocorrido nos últimos tempos -, que alguns até acham que a única alternativa é rezar e rogar à divindade pela solução…
Devemos sim, “rezar” pela solução do problema, mas com atitudes concretas que contribuam. E existem atitudes que a nível local e regional podem contribuir muito para a uma melhor produção de água. Estou convencido de que a melhor atitude possível é buscar uma melhor cobertura vegetal do solo, adotando-se práticas agrícolas que contribuam para isto.
Qualquer pessoa com mais de 60 anos, com conhecimento da área rural, há de se lembrar como os córregos e rios que conheceu na sua infância e juventude eram mais caudalosos… Alguns que não tiveram o privilégio de presenciar pessoalmente devem ter ouvido de algum parente mais velho, “causos” que relatam quanta água tinham os rios que conhecemos, alguns deles hoje em estágio agonizante… Eu gostava muito de ouvir de meu saudoso pai, histórias de quando ele era rapaz e foi canoeiro em Itapina, distrito de Colatina ES, levando de um lado para outro do “imenso” Rio Doce, em sua canoa, a carga e os arreios das “tropas” de mulas enquanto os tropeiros as faziam passar a nado para o outro lado… Hoje em muitos lugares, o antigo majestoso Rio Doce permite que seja atravessado à pé.
Ainda sobre o Rio Doce, eu já tinha escrito este artigo até este ponto, quando participei em 11/03/15 no auditório da Rede Gazeta em Vitória ES, do Fórum SOS Rio Doce que teve a finalidade de divulgar o “Projeto Olhos d’água”, do Instituto Terra, uma organização criada em Aimorés MG pelo casal Sebastião Salgado e Lélia Wanick(www.institutoterra.org). O Sebastião Salgado dispensa apresentações, pois ele é simplesmente o mais famoso fotógrafo, com reportagens fotográficas realizadas em 150 países… Já o Projeto Olhos d´água, é ao mesmo tempo simples e extremamente ambicioso. Utilizando práticas pouco onerosas e de simples aplicação, o projeto tem o objetivo de recuperar e proteger TODAS as nascentes do Rio Doce. Este projeto iniciado há 5 anos, que já recuperou cerca de 1000 nascentes, apoia principalmente duas ações muito simples: cercar a área de CADA UMA das nascentes, para evitar que o gado contamine a água e compacte o solo e reflorestar a área entorno das nascentes, para ajudar a reter e manter a umidade e, também instalar fossas sépticas nas residências de TODAS propriedades rurais para evitar a contaminação do solo e da água pelos dejetos humanos.
Na sua fala o Sebastião enfatizou, como também já afirmei no início do artigo, a necessidade de que haja uma boa cobertura do solo, para manter a umidade. E fez uma divertida analogia com sua conhecida “deficiência capilar”: se ele e uma pessoa com bastante cabelo molhassem a cabeça, qual secaria primeiro? A sua ou a do cabeludo?
Agora voltando ao que realmente nos interessa, em que situação teremos maior absorção e retenção da umidade (água das chuvas): um solo degradado, com rala cobertura vegetal ou um solo com excelente cobertura vegetal, em 3 estratos: o rasteiro, o arbustivo e o arbóreo?
Pastagem degradada em pastoreio convencional no Sul do Espírito Santo: a situação mais comum!
Pastagem em Pastoreio Voisin – Fazenda P.U. de João R. de Arruda Sampaio – Urutaí – Goiás

Três anos depois de estar em vigor, implementação do Código Florestal ainda é desafio, dizem ONGs

Fonte: EcoDebate 25/05/2015

O Código Florestal (Lei 12.651/12) completa três anos no dia 25 de maio, mas ainda enfrenta alguns desafios para a sua efetiva implementação, segundo estudo coordenado pela Iniciativa de Observação, Verificação e Aprendizagem do CAR (Inovacar), promovida pela Conservação Internacional (CI-Brasil), com apoio do WWF-Brasil, integrantes do Observatório do Código Florestal.
Cristiano Vilardo, da CI-Brasil, explica que o estudo foi feito com 21 estados entre os meses de março e maio deste ano. Entre os problemas relatados pelos gestores estaduais do Cadastro Ambiental Rural (CAR) está a resistência de alguns setores produtivos e a dificuldade em acelerar o cadastramento, com qualidade, para que outros instrumentos do código também se desenvolvam.
Criado pelo Código Florestal, o CAR serve como um banco de informações sobre os imóveis rurais. O cadastro reúne dados como a delimitação das áreas de proteção, reserva legal, área rural consolidada e áreas de interesse social e de utilidade pública. No início do mês, o governo prorrogou por um ano o prazo para os produtores rurais fazerem a inscrição no sistema.
“A própria prorrogação do prazo, por mais que estivesse prevista em lei, mostra o tamanho do desafio que é completar o cadastramento até maio de 2016. E identificamos focos de resistência, de setores inteiros que não se reconhecem no CAR e não estão apostando na existência do cadastro como ferramenta”, disse.
O Cadastro Ambiental Rural vai reunir informações sobre os imóveis no campo. Foto: Arquivo/Agência Brasil

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Revista Época divulga especial sobre a Amazônia

Interessante a matéria da revista que me fez lembrar os livros de 1974 do  Prof. Armando Mendes e de 1994 da Neide Gondim, que descrevem o que a reportagem chamou de Amazônia antiga que todo mundo conhece. O que não corresponde a uma afirmação verídica , já que pouca gente realmente conhece a região, mas corresponde a um senso comum para a maioria das pessoas (que não conhecem) quando se referem a região. Clica no link ao final (Conexão Amazônia) para visualizar o material completo.
Fonte: IPAM 04/05/2015
A revista Época divulgou no mês de abril um especial sobre a Amazônia. A reportagem intitulada 'A reinvenção da Amazônia', mostra algumas experiências que podem mudar a imagem de uma Amazônia devastada pelo desmatamento ilegal, ocupações irregulares, pecuária clandestina, trabalho escravo, conflito de terra e desperdício de riquezas naturais.
De acordo com a reportagem, reinventar a região significa criar atividades econômicas ecologicamente saudáveis, socialmente corretas e economicamente inteligentes. Para confirmar a informação, o especial apresenta diversas iniciativas que conseguem apontar saídas para o desenvolvimento sustentável da região, que vai refletir não só na qualidade de vida da população, mas também na diminuição do desmatamento.
O IPAM acompanhou a visita da equipe de reportagem em dois assentamentos beneficiários do Projeto Assentamentos Sustentáveis na Amazônia (PAS), realizado em parceria entre o IPAM, Incra e a Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP). Através desse projeto, cerca de 2.700 famílias de agricultores recebem assistência técnica, pagamento por serviços ambientais e infraestrutura. "Esse ainda é um número pequeno se compararmos com a totalidade dos assentados na Amazônia, mas é um começo, servindo de modelo para políticas públicas", destaca a reportagem.
Osvaldo Stella Martins, Diretor do IPAM responsável pelo projeto, resumiu o que se espera de um assentamento hoje: "O assentamento sustentável é aquele que promove os serviços ambientais e gera renda e riqueza para o assentado."
Além da revista impressa, o conteúdo completo pode ser visto em formato inovador multimídia: o Conexão Amazônia

Concessões florestais no Brasil: modelo acertado, resultados tímidos

Fonte: EcoDebate 22/05/2015


elementa

Artigo de pesquisadores do Brasil e Estados Unidos aponta onde estão os problemas no atual modelo para concessões.
Em 2006, o governo brasileiro inaugurou o modelo de concessões de florestas. O objetivo foi, por meio de parcerias com entidades privadas, permitir a exploração sustentada das florestas nacionais e cortar gastos públicos. Passados quase dez anos, pesquisadores avaliam a estratégia como acertada, porém com impacto reduzido por conta de problemas estruturais e administrativos.
As conclusões estão reunidas no artigo “The Evolution of Brazilian Forest Concessions”, publicado na última edição da revista “Elementa: Science of Anthropocene”, de autoria de pesquisadores do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea) da Universidade Federal do Pará, Universidade Federal Rural da Amazônia e Virginia Polytechnic Institute and State University, dos Estados Unidos.
“O Brasil fez o dever de casa: estudou modelos de concessões, identificou gargalos e procurou sanar os problemas. Além disso, fez diversas audiências públicas e começou o processo lentamente para aprender a operar as concessões, para só depois adicionar mais florestas”, relata Claudia Azevedo-Ramos, do Naea. “Mas após quase uma década, o processo mostra-se insipiente. Somente 3% das florestas federais passíveis de concessão foram concedidos, com uma produção que abrange apenas 2% da demanda atual por madeira”, completa.

O pesadelo da perda da Amazônia existe, e agora tem mapa, programa e justificativa

Uma velha discussão voltando que é sempre atualizada com novos ou requentados componentes.

Fonte Jornal GGN 16/05/2015

Por Rogério Maestri
Quando alguém fala da pretensão de países do primeiro mundo através de causas ambientais em se apropriar da Amazônia é chamado de paranoico, psicótico e defensor de fazendeiros e madeireiros. Falava-se muito de um mapa norte-americano em que a Amazônia já era considerada uma grande reserva ambiental, porém dados reais sobre esta ameaça eram quase uma lenda urbana do que qualquer outra coisa, porém nos dias atuais chega uma proposta de internacionalização da Amazônia com mapa, proponente e superfície, o chamado Corredor Ecológico Triplo A.
O presidente colombiano Juan Manuel Santos, presidente do único país da América do Sul que possui bases das forças armadas norte-americanas (sete ao todo, Palanquero, Apiay, Malambo, Cartagena, Tolemaida, Larandia y Bahía Málaga) e recebe de ajuda militar dos Estados Unidos simplesmente para combater as drogas propôs um “ambicioso programa” de criar o chamado Corredor Ambiental Triplo A na América do Sul.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Amazônia: velhos e novos instrumentos de saque, artigo de Egydio Schwade

Respeito a opinião do autor, concordo com alguns pontos, mas discordo da apresentação e contexto geral por entender que seja uma visão enviesada da questão. 
Fica o texto para apreciação.

Fonte: EcoDebate 21/05/2015

“Hoje, a grande preocupação dos mandantes da Amazônia é a construção de mais e mais portos para acelerar o saque(…) Para incentivar este modelo de exportação de commodities, modernizam-se portos, constroem-se hidrelétricas e linhões que conduzem a energia rumo aos centros onde se articula a entrega da região ao poder multinacional”. O comentário é de Egydio Schwade em artigo publicado por Cimi, 18-05-2015.
Egydio Schwade é um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário – CIMI e primeiro secretário executivo da entidade, em 1972. Hoje é colaborador do CIMI e vive na Amazônia.
Eis o artigo.
No inicio da invasão europeia, os índios eram tolerados porque os portugueses e espanhóis necessitavam deles para localizar as riquezas de seu interesse e como mão-de-obra para explorá-las. Mas, na medida em que o invasor foi criando os seus próprios instrumentos para localização e exploração das mesmas, foi dispensando os donos da casa e ficou agressivo, criando leis e instrumentos de dominação. Dentre as leis, a injusta lei da propriedade privada da terra é simplesmente arrasadora para os povos indígenas. A brutalidade contra os povos indígenas vem crescendo desde o início da colonização até hoje. No início atingia as comunidades enquanto retirava principalmente os homens das aldeias para escravizá-los aos interesses de exploração das riquezas descobertas e nas fazendas. No período moderno, uma classe desses descendentes europeus procura simplesmente despojar os povos indígenas de seus territórios tirando-lhes todas as condições de sobrevivência cultural e física.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Divulgadas informações que avaliam esforços para uma pecuária sem desmatamento na Amazônia


Fonte: EcoDebate 18/05/2015


Por Daniela Torezza/ICV
Foram lançados nesta semana um site e um estudo com informações e análises para subsidiar a discussão sobre a pecuária e sua relação com o desmatamento da floresta amazônica. Tanto o site quanto o estudo, destacam a resposta da cadeia de pecuária com relação aos acordos sobre desmatamento zero na Amazônia brasileira.
O site traz informações sobre a criação e comércio de gado na Amazônia, e os acordos para o desenvolvimento de uma cadeia de produção com desmatamento zero, enquanto que o estudo apresenta uma análise detalhada das conquistas e limitações atuais dos sistemas de rastreabilidade da cadeia de pecuária com vistas a redução do desmatamento.
As informações do site apontam para soluções e oportunidades existentes na busca da redução do desmatamento impulsionado pela expansão da pecuária na Amazônia brasileira. Contudo, ressalta que, atingir esse objetivo, em escala, exigirá um apoio coordenado de toda a cadeia de valor.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Amazônia Legal tem alto potencial de mitigação dos gases do efeito estufa, mas crédito ainda é pequeno


Fonte: EcoDebate 13/05/2015

floresta amazônica

A Amazônia Legal, embora tenha grande potencial para contribuir com a meta de redução de carbono estipulada pelo Governo para a agricultura até 2020, ainda caminha a passos lentos na adoção de técnicas agrícolas menos emissoras de gases de efeito estufa. Na região, composta por nove estados e com grandes áreas de pastagens degradadas, foram desembolsados apenas 20% do total contratado no Programa ABC – principal linha de financiamento para a agricultura de baixa emissão de carbono – desde a safra 2011/12 até fevereiro da safra 2014/15, o equivalente a R$ 2,12 bilhões. Este resultado ainda é considerado baixo pelo Observatório ABC, que lança no dia 5 de maio o relatório Análise dos Recursos do Programa ABC- Foco na Amazônia Legal.
“O potencial de mitigação da região é de 40,4 milhões de toneladas de CO2 eq. por ano. Porém, este resultado só seria alcançado caso as tecnologias de baixa emissão de carbono fossem implementadas integralmente e com alto grau de qualidade em toda a área hoje ocupada por atividades agropecuárias ou desmatada na região. Somado a este desafio, o governo ainda precisa resolver entraves como a regularização fundiária e ambiental, um dos grandes limitantes para a ampliação do Programa ABC na Amazônia Legal”, afirma Angelo Gurgel, coordenador do Observatório ABC.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Indústria do Amazonas registra a maior queda de produção do país

Fonte: Jornal em Tempo - AM 12/05/2015

Governo (+2,25%) e setor produtivo (de 5% a 30%, dependendo do produto) divergem sobre o impacto dessa medida no preço final dos produtos – foto: arquivo EM TEMPO
Maiores quedas foram sentidas nos segmentos industriais de bebidas (-41,9%) e eletroeletrônicos (-36,7%), conforme dados divulgados pelo IBGE – foto: arquivo EM TEMPO
Em março, a produção industrial do Amazonas registrou o pior desempenho do país em praticamente todas as comparações, segundo a sondagem mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística junto ao setor, cujos dados foram divulgados nesta terça-feira (12).
A atividade desabou consideráveis 20,6% em relação ao mesmo mês do ano passado, bem abaixo da média nacional (-3,5%). O IBGE destaca, por meio de texto distribuído à imprensa, que essa foi a 12ª taxa negativa consecutiva nesse tipo de confronto e a mais intensa desde julho de 2012 (-24,3%).
De janeiro a março, o tombo foi de 17,8% contra 5,9% da média nacional. Segundo o IBGE, foi o quarto trimestre seguido de recuo na produção da indústria amazonense e houve aceleração do ritmode queda frente ao último trimestre de 2014 (-11,1%), todas as comparações contra iguais períodos do ano anterior.

PF DESARTICULA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA DE EXTRAÇÃO DE OURO NA RESERVA YANOMAMI

fONTE: AmaZÔNIA rEAL 07/05/2015

Degradação ambiental na reserva Yanomami em 2013. (Foto: Guilherme Ggnipper/Funai)Degradação ambiental na reserva Yanomami em 2013. (Foto: Guilherme Ggnipper/Funai)
Os índios Yanomami se referem às pessoas que destroem e degradam a floresta da reserva indígena como Warari Koxi, que no português significa “espírito de porco”. Essa definição foi usada pela Polícia Federal e pelo Ibama de Roraima para denominar uma operação que desarticulou nesta quinta-feira (07) uma organização criminosa que agia na extração ilegal de ouro, diamante e na lavagem de dinheiro dentro da Terra Indígena Yanomami. O esquema tinha a participação de servidores públicos, inclusive da Funai (Fundação Nacional do Índio), e de garimpeiros, empresários do ramo de joias e financiadores nas capitais Boa Vista (RR), Manaus (AM), Belém (PA), Porto Velho (RO) e São Paulo.
Segundo as investigações da PF, a quadrilha movimentou nos últimos dois anos R$ 1 bilhão com a extração ilegal de minérios e com a lavagem de dinheiro com os crimes praticados dentro da reserva, que fica entre os Estados de Roraima e Amazonas, na fronteira com a Venezuela.
Em Manaus (AM), a operação da PF cumpriu até o momento dois mandados de condução coercitiva (quando o suspeito é encaminhado pela polícia à delegacia para prestar depoimento) e um mandado de busca e apreensão. Em Boa Vista (RR), foram cinco conduções de suspeitos, entre eles, a do coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami Ye´kuana da Funai em Roraima, João Catalano, e a do chefe da coordenação técnica, Paulo Gomes da Silva.

Terras indígenas no arredor de Belo Monte sofrem com roubo milionário de madeira


(ISA)
Equipe do ISA sobrevoou 7.600 km da região de Cachoeira Seca e registrou o impacto da ação dos madeireiros
Enquanto a construção da polêmica usina de Belo Monte passa por sua fase final, indígenas vizinhos ao empreendimento enfrentam uma explosão da extração de madeira ilegal em suas terras.
É o que denunciam o Ministério Público Federal (MPF) e ONGs que atuam na região do em torno de Altamira, no Pará.
Para estas instituições, as obras da usina ─ a terceira maior hidrelétrica no mundo ─ estão diretamente ligadas ao aumento da degradação, devido ao forte crescimento populacional que provocaram na área.
A situação é mais grave na Cachoeira Seca, terra indígena do povo Arara já reconhecida pela Funai (Fundação Nacional do Índio), mas que aguarda por homologação do Ministério da Justiça. A própria Funai reconhece que o quadro é crítico em um relatório de março ao qual a BBC Brasil teve acesso.
O Instituto Socioambiental (ISA) faz uma estimativa, segundo a entidade, "conservadora", de que o equivalente a R$ 400 milhões em madeira teriam sido roubados dessa terra indígena apenas em 2014 ─ são ipês, jatobás e angelins-vermelhos, cujo mercado principal costuma ser as indústrias no Sul e Sudeste do país.
O ISA acredita que o aumento da extração estaria atendendo também a uma crescente demanda em Altamira, cidade cuja população saltou 50% após Belo Monte, para 150 mil pessoas.
Desde 2011, a organização monitora a degradação da área, combinando análises de imagens de satélite, trabalho de campo e sobrevoos de fiscalização.
(Cimi)
Raro registro de índios Arara em maloca próxima ao rio Iriri feito em 2010 pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi)

sexta-feira, 8 de maio de 2015

PF investiga ação de instituições financeiras em extração ilegal de ouro e pedras preciosas em terras indígenas

Fonte: EcoDebate 08/05/2015


garimpo
Foto de arquivo

Instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central a atuar no mercado de capitais são o alvo final da Operação Warari Koxi, deflagrada ontem (7), pela Polícia Federal (PF), para desmantelar esquema criminoso de extração ilegal de ouro e pedras preciosas em reservas indígenas. O principal alvo da atividade ilícita é a Terra Indígena Yanomami, em Roraima.
Segundo a delegada federal Denisse Dias Rosas Ribeiro, responsável pelo inquérito policial, o principal objetivo da investigação iniciada em novembro de 2014 é mapear toda a cadeia da extração ilegal de ouro, diamantes e tantalita para, assim, identificar e punir quem financia a ação ilegal dos garimpeiros. Tantalita é um minério bastante valorizado no mercado: por oferecer resistência ao calor é aplicado na indústria eletrônica.
“Tivemos que atuar em três frentes: executores, pessoas que retiram o ouro [e outros minérios valiosos] das áreas indígenas; intermediários, lojistas que captam os produtos e fornecem insumos [recursos] para os executores atuarem; financiadores, que estão nos grandes centros”, disse Denisse.

PF deflagra operação contra extração ilegal de ouro e pedras em terras indígenas

Fonte: EcoDebate 08/05/2015

garimpo
foto de arquivo

Policiais federais de Roraima, Rondônia, São Paulo, do Amazonas e Pará estão nas ruas desde as primeiras horas da manhã de ontem (7), cumprindo 313 mandados judiciais expedidos contra suspeitos de integrar um esquema de extração ilegal de ouro e pedras preciosas em terras indígenas. O principal alvo dos investigados é a reserva indígena Yanomami, de Roraima.
De acordo com a Polícia Federal (PF), o esquema contava com a participação de empresários, funcionários públicos, donos de garimpos, joalheiros e pilotos de aviões. Juntos, eles abriam locais de extração de ouro, pedras preciosas e outros minerais usados na indústria, no interior de reservas indígenas, sobretudo no norte de Roraima.
As terras indígenas, demarcadas em locais tradicionalmente ocupados pelos índios, pertencem à União. Em seu interior, a exploração e o aproveitamento dos recursos hídricos e a pesquisa e a lavra de riquezas minerais só podem ser feitos com a autorização do Estado brasileiro.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Fundo Amazônia vai investir R$ 66,5 milhões para monitorar terras indígenas

Fonte: Portal Amazônia 22/04/2015

Principal objetivo é combater desmatamento. Propostas abrangem 73 povos indígenas, distribuídos em 905 aldeias
Propostas abrangem 40 terras indígenas. Foto: Paulo de Araújo/MMA
MANAUS - O Fundo Amazônia aprovou oito propostas com o objetivo de monitorar terras indígenas e combater o destamatamento na região. A chamada pública destinará R$ 66,5 milhões em recursos financeiros não-reembolsáveis para 40 terras indígenas, que cobrem cerca de 44% do território indígena da Amazônia. O anúncio foi feito pela ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, na tarde desta quarta-feira (22).
Esse é primeiro edital de apoio a PNGATI e o valor envolvido é o mais alto até agora destinado pelo governo federal a projetos em terras indígenas. "A PNGATI é uma evolução dos esforços tradicionais de gestão ambiental em terras indígenas, com integração e diálogo", afirmou Izabella Teixeira. De acordo com o anúncio, as propostas abrangem 73 povos indígenas, distribuídos em 905 aldeias. Mais de 96,2 mil índios serão beneficiados.

'Licenciamento ambiental impede obras da BR-319', diz ministro dos Transportes

Fonte: Jornal do Comécio 30/04/2015

Antonio Carlos Rodriguez propôs receber os senadores do Amazonas no início de maio para superar as dificuldades que, segundo ele, estão na pasta

MANAUS - O ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodriguez, disse na quarta (29) na Comissão de Infraestrutura do Senado que o problema para o andamento das obras da BR-319 não está na sua pasta, mas na falta de celeridade do licenciamento ambiental. Nota técnica do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) nº 23, do último dia 25 de março, revelou inúmeras exigências apresentadas pela área do meio ambiente, desde 2007, que dificultam a expedição da licença prévia para pavimentação da rodovia.Ao ser questionado sobre o problema pelas senadoras amazonenses Vanessa Grazziotin (PCdoB) e Sandra Braga (PMDB), o ministro propôs uma espécie de pacto. "Vamos discutir essa licença ambiental, estou a par de tudo o que está acontecendo no Amazonas. Tenho aqui o cronograma, mas (se não houver compromisso) será chover no molhado", disse o ministro.

Rodriguez propôs receber os senadores do Amazonas numa reunião no início de maio com a participação da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, para superar as dificuldades que, segundo ele, estão naquela pasta. "Vamos tentar uma alternativa", disse.
Para a senadora Vanessa, o ministro demonstra vontade política e compromisso com o Estado. "As questões ambientais que ainda estão pendentes não podem impedir a efetivação desse projeto que é de fundamental importância para a nossa região e o país", disse.