sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Cerca de 8 milhões de pessoas podem ter vivido na Amazônia pré-colonial

Fonte: amazonia.org.br 11/02/2016

Pesquisadores estimam que posteriormente esta população foi dizimada por doenças, escravidão e guerras
“Na Amazônia o difícil não é achar um sítio arqueológico, mas é saber o que fazer com ele.” A frase dita pelo professor e arqueólogo Eduardo Neves em tom de brincadeira, mas com um fundo de verdade, reforça o que muitos pesquisadores têm estudado nos últimos anos: uma ampla ocupação humana na região da Amazônia Legal antes da chegada dos portugueses no Brasil.
Pintura rupestre dos indígenas pré-cabralinos em Cachoeira Resplendor, Pará.  Domínio Público / CC / Wikimedia Commons
Pintura rupestre dos indígenas pré-cabralinos em Cachoeira Resplendor, Pará. Domínio Público / CC / Wikimedia Commons
Neves, que é professor do departamento de Arqueologia da Universidade de São Paulo, é apenas um dos estudiosos que buscam evidências dessa presença humana na Amazônia pré-colonial. Ele e outros pesquisadores como Charles Clement, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, apresentaram algumas projeções num artigo publicado pela revista científica Proccedings B, da Sociedade Real da Inglaterra, no ano passado.
Eles sugerem uma Amazônia toda habitada por cerca de 8 milhões de pessoas, que posteriormente foram dizimadas por doenças, escravidão e guerras.
Neves explica que as áreas estudadas apresentam muitos vestígios que podem comprovar esta ocupação. Para ele, os achados arqueológicos provam que a Amazônia não é uma terra “À Margem da História”, como sugeriu o escritor Euclides da Cunha, em livro escrito no ano de 1909.
“As pessoas têm essa ideia aqui no Brasil, de que a Amazônia sempre foi desabitada, sempre teve pouca gente, e é importante falar: olha, tinha gente pra caramba no passado. Porque esta questão, você o que está acontecendo agora no Tapajós, as usinas que querem construir no Tapajós. Elas estão baseadas na crença de que o Tapajós é uma região desabitada e na verdade a gente sabe que existem milhares de índios munduruku que vivem ali, e as populações ribeirinhas também. Então acho importante combater esse mito de que a Amazônia é uma terra sem gente. E na verdade essa é uma ideia incorreta, ela não tem nenhuma base científica ou factual pra isso”, diz o pesquisador.Outro fator importante apontado pelos estudiosos é que estes habitantes podem ter ajudado a criar a floresta amazônica, tal como se conhece atualmente. O pesquisar do INPA, Charles Clement, reforça que castanhais, açaizais e outras diversas espécies de árvores podem ter sido plantadas pelos índios ancestrais.

Mesmo sem entregar BR-163, governo promete ferrovia de R$ 10 bi para grãos


Fonte: amazonia.org.br 11/02/2016
Plano prevê que a ‘Ferrogrão’ siga o traçado da rodovia, ligando o Mato Grosso ao Pará; promessa era de que a BR-163 estaria asfaltada até 2015, mas, sem a pavimentação, soja continua a ser exportada por Paranaguá (PR) e Santos (SP)
BR-163, na região Diamantino, em Mato Grosso; uma das principais estradas da região, rodovia não foi pavimentada em seu trecho paraense
BR-163, na região Diamantino, em Mato Grosso; uma das principais estradas da região, rodovia não foi pavimentada em seu trecho paraense
Sem conseguir entregar a pavimentação de uma rodovia que promete revolucionar o escoamento de grãos do País, a BR-163, o governo decidiu agora assumir um compromisso bem mais complicado: construir uma ferrovia de 1.140 quilômetros, estimada em R$ 10 bilhões, bem ao lado do traçado da estrada.
O plano prevê que os trilhos comecem a ser lançados em Lucas do Rio Verde, no coração da soja do Mato Grosso, e avancem rumo ao norte do País, até chegarem em Itaituba, no Pará, onde está em construção um polo logístico, nas margens do Rio Tapajós.
Na semana passada, o governo sinalizou que não pretende transformar a “Ferrogrão” em mais um plano logístico mirabolante e fixou um pagamento de R$ 33,791 milhões para o consórcio Estação da Luz Participações (EDLP), que elaborou estudos técnicos para apoiar a elaboração do edital e do leilão da ferrovia.
A avaliação oficial é de que o produtor rural passaria a ter duas opções para escoar sua carga, a rodovia e a ferrovia, para chegar aos portos da região Norte do País. Por meio dos rios amazônicos, o caminho ficará mais curto e, consequentemente, mais barato. A realidade atual, porém, é bem diferente.
Vida real

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Roraima tem pior seca em 18 anos e corre risco de novo megaincêndio, dizem especialistas


Fonte: ISA 05/02/2016
Dos 15 municípios do estado, 13 decretaram situação de emergência por conta da estiagem. 70 mil pessoas já foram afetadas diretamente
Roraima vive a pior seca em 18 anos. A estiagem agrava o cenário de incêndios florestais desde o fim do ano passado. Em janeiro, foram registrados 1.754 focos de calor. Em outros anos, no mesmo período o número de focos costuma manter-se em torno de 450. As informações são da coordenação estadual do Centro Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (PrevFogo), órgão do Instituto Nacional do Meio Ambiente (Ibama). Nos últimos anos, a média foi de 1.596 focos para todo o ano.
A estiagem levou o Rio Branco, principal do estado, ao menor nível já registrado. As colunas da Ponte dos Macuxi, em Boa Vista, estão expostas por causa da estiagem
Roraima tem 15 municípios. A falta de chuvas levou 13 a decretar situação de emergência. Os mais atingidos são Caracaraí, Rorainópolis, Iracema, Mucajaí e Caroebe. Cerca de 70 mil pessoas, ou 15% da população do estado, já foram afetadas diretamente. O Rio Branco, principal do estado, atingiu sua menor marca histórica, com 47 centímetros abaixo da marca inicial de medição (veja fotos no corpo da reportagem e na galeria ao final dela). A expectativa é que as primeiras chuvas só cheguem no início de abril.
“Caso a população continue gerando novos focos queimadas e incêndios, desrespeitando todos os avisos e determinações para parar com o fogo, podemos afirmar com alta probabilidade de que o Estado será levado a enfrentar uma tragédia anunciada de dimensões próximas ou até maiores que em 1998”, afirmaram os pesquisadores da Haron Xaud e Maristela R. Xaud, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Roraima, em artigo publicado, nesta semana, no site Roraima em Foco (leia aqui).

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Belo Monte opera em março


Fonte: O Liberal 05/02/2016
Usina começa a gerar eletricidade a partir do mês que vem, diz consórcio
O presidente da Norte Energia, consórcio responsável pela construção e operação da usina hidrelétrica de Belo Monte, Duilio Diniz Figueiredo, disse ontem, que o empreendimento começa a gerar eletricidade em março, com pouco mais de um ano de atraso em relação ao cronograma original. As informações são do Portal G1.
"Estamos gerando nas duas usinas, Pimental e Belo Monte, em março”, disse Figueiredo, que participou, em Brasília, da entrega de um sistema de monitoramento via satélite à Fundação Nacional do Índio (Funai). A montagem desse sistema, que vai ser usado para identificar crimes ambientais em terras indígenas, é uma das condições que o consórcio deveria cumprir para receber a licença de operação da usina.
O complexo de Belo Monte conta com duas usinas, ou casas de força: Pimental e Belo Monte. A primeira, segundo o contrato de concessão, deveria começar a gerar energia em 28 de fevereiro de 2015. Ao todo, Pimental terá seis turbinas e capacidade para 233,1 MW (megawatts), cerca de 3% de toda a eletricidade que será gerada pelo complexo em sua capacidade máxima, o que daria para abastecer uma cidade de cerca de 500 mil habitantes.

Pesquisadora do IPAM alerta que hidrelétricas no Tapajós concentram desmatamento amazônico de 5 anos

Fonte: EcoDebate 05/02/2016

Complexo hidrelétrico projetado para o rio Tapajós. Imagem no sítio da ABIAPE/Valor


A pesquisadora do IPAM Ane Alencar participou, na sexta-feira (29), em Santarém (PA), de uma audiência pública sobre a construção da hidrelétrica São Luiz do Tapajós, no rio de mesmo nome, cujo licenciamento é previsto para 2016. Ela apresentou resultados de uma projeção de desmatamento na região decorrente da construção das hidrelétricas na bacia do Tapajós previstas no Plano Decenal de Energia 2014.
Segundo o estudo, a retirada de cobertura florestal seria de 22 mil a 32 mil quilômetros quadrados em 2030, devido ao crescimento populacional repentino associado à obra, à abertura de novas estradas e à especulação imobiliária. Caso as áreas protegidas não existissem na região, o desmatamento seria ainda maior, chegando a 46 mil km2.
A pesquisa também oferece um retrato da região: a bacia do Tapajós tem hoje 59% de seus 105 mil km2 com florestas. Unidades de conservação e terras indígenas contemplam 48% da área da bacia, propriedades particulares, 26%, assentamentos, 6% e 20% são terras do governo ou sem destinação.
“Entre o melhor e o pior cenários, nos próximos 15 anos, temos desmatamento equivalente ao registrado em toda a Amazônia ao longo de cinco anos apenas nesta região”, afirma Alencar. Atualmente, o desmatamento anual na Amazônia gira em torno de 5 mil km2. “Grande parte da área de influência tem áreas protegidas, mas mesmo assim a projeção é de grande retirada de cobertura florestal.”

É possível zerar o desmatamento na Amazônia brasileira?

Fonte: EcoDebate 05/02/2016

desmatamento embargado no Pará

Sim – se assegurarmos que o crescimento econômico, a justiça social e a agricultura são parte do quadro.
De 2005 a 2014, a taxa de desmatamento da floresta amazônica foi de 19.014 quilômetros quadrados para 5.012 km2: uma redução de cerca de 70%. É impressionante, mas a taxa ainda permanece alta. Além disso, quando os efeitos do desmatamento são combinados às mudanças no clima, a tendência em curto prazo é de degradação severa da Amazônia. É urgente que o desmatamento ainda corrente na região cesse completamente, a fim de interrompermos esse processo de empobrecimento biológico.
O desmatamento zero é vital para a manutenção dos serviços ambientais que a Amazônia gera: fornecimento de água, regulação climática, estoque de carbono, polinização, biodiversidade, controle natural de pestes, beleza cênica, turismo e muito mais. A floresta tem uma importante função em manter a chuva além das fronteiras da região amazônica: o vapor do Oceano Atlântico que chega ali é reciclado na floresta e é responsável pela chuva fora da bacia amazônica. E as florestas ainda atuam como um imenso ar condicionado para a região, cumprindo um importante papel na manutenção das temperaturas na área.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Tvs da Amazônia: Uma realidade que o Brasil desconhece


Amazônia Legal é gigante em todos os sentidos. São nove estados que representam 56% do território nacional. Grande parte da região é coberta por florestas, o acesso aos municípios é difícil. E as comunicações de modo geral são precárias.
O que torna as televisões na região diferentes é uma legislação especial que permitiu a proliferação de miniemissoras de TV aberta que produzem conteúdo local.
No resto do país, as retransmissoras apenas captam a programação das geradoras e a retransmitem, sem nenhuma interferência no conteúdo. Afinal, segundo a lei, geradoras são empresas de televisão com concessão da União para produzir conteúdo de comunicação de massa. As concessões, aprovadas pelo presidente da República e referendadas pelo Congresso Nacional, são válidas por 15 anos, renováveis por iguais períodos. Já as retransmissoras não passam de equipamentos (decodificador e transmissor) ligados a uma antena. As outorgas são mais simples, dadas por portaria pelo ministro das Comunicações apenas.
Mas na Amazônia, graças a um lei de 1978, elas podem criar conteúdo próprio. O decreto do então presidente, general Ernesto Geisel, permitiu que retransmissoras situadas em “regiões de fronteira de desenvolvimento” fizessem inserções locais na programação. Dez anos depois, Antônio Carlos Magalhães, ministro das Comunicações do governo Sarney, definiu que essas áreas seriam a Amazônia Legal. Segundo o ex-secretário Executivo do Ministério das Comunicações Rômulo Villar Furtado, ACM assinou a portaria a pedido do empresário Phellipe Daou, um dos fundadores da Rede Amazônica, afiliada da Globo no Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima e Amapá. “Poucos empresários se mostravam dispostos a investir em TV em áreas remotas. Uma forma de atraí-los era dar autonomia financeira às retransmissoras, deixá-las gerar conteúdo para auferir algum recurso com publicidade local”, disse Furtado.
A portaria permite até 3 horas e meia por dia de programação própria. Esse é o caso de 1.737 canais espalhados por 742 municípios no Pará, Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso. Nessas localidades, ter uma retransmissora equivale a ter uma emissora de televisão: com logomarca, estúdio, apresentadores, repórteres e dinheiro entrando no caixa com a venda de anúncios. Um quinto desses canais pertence a políticos. Empresários e igrejas também brigam para ocupar esse espaço.
A força dos políticos
Eles controlam 21% das retransmissoras na Amazônia Legal