quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Cheia e estiagem atingem estados da Amazônia

Fonte|: Portal da Amazônia 23/02/2015


Enquanto Amazonas, Acre e Rondônia sofrem com os efeitos da enchente, Roraima enfrenta forte estiagem


Municípios do Alto Rio Branco são os mais afetados pela cheia no Acre. Foto: Gleilson Miranda/Secom-AC

MANAUS – A Amazônia vive momento de extremos. Rondônia, Acre e Amazonas enfrentam problemas com a cheia, enquanto Roraima decreta situação de emergência por causa de estiagem. O nível dos rios Madeira, Acre e Tarauacá subiu além do esperado. O rio Negro, em Manaus, está acima do nível registrado no mesmo período do ano passado. Já o rio Branco está abaixo do esperado para a época.
Entre sábado (21) e domingo (22), o rio Madeira subiu 39 centímetros (cm). Bairros da capital, Porto Velho, já sofrem os efeitos da rápida elevação das águas. No bairro São Sebastião, moradores, que sequer conseguiram recuperar os prejuízos da enchente histórica de 2014, aguardam intervenção da Defesa Civil. Pontes improvisadas foram construídas onde a água tomou as ruas.

Municípios do Alto Rio Branco são os mais afetados pela cheia no Acre. Foto: Gleilson Miranda/Secom-AC



No estado do Acre as cidades mais afetadas estão às margens do rio Acre, que corta todo o Estado. O Governo criou uma força integrada com Governo Federal e prefeituras para socorrer as cidades da região do Alto Rio Acre, a mais atingidas. Durante o fim de semana, o governador Tião Viana, se deslocou até a cidade de Brasiléia para acompanhar pessoalmente a situação. No local, o rio subiu 60 cm em 10 horas. Em toda a cidade, 800 famílias foram atingidas. O bairro Eldorado foi o mais atingido.
As cidades banhadas pelo rio Acre sofrem desde a última terça-feira (17), quando fortes chuvas atingiram o rio em toda a extensão da sua bacia. O município de Assis Brasil foi um dos mais afetados. A precipitação superou os 200 milímetros, o que era esperado para o mês inteiro choveu durante uma única tarde. Em 24 horas o rio subiu oito metros, alcançando 13,72 metros (m), apenas 10 cm abaixo da cheia histórica de 2012. Duzentas famílias foram removidas às pressas de áreas alagadas. As cidades de Xapuri, Epitaciolândia e Capixaba também foram afetadas.
Na capital, Rio Branco, o rio transbordou e um plano de contingência está em execução. Trinta e sete pessoas foram removidas na manhã desta segunda-feira (23) para um abrigo público montado no parque de exposições Marechal Castelo Branco. O local tem capacidade para abrigar 160 famílias. 

Municípios do Alto Rio Branco são os mais afetados pela cheia no Acre. Foto: Jardy Lopes/Secom Tarauacá



O coronel da Defesa Civil, Jorge Santos, explica que a elevação das águas acontece rapidamente por causa do perfil geológico do rio. “Quanto mais próximo a nascente mais raso e estreito ele é. E quanto mais distante da nascente e próximo da foz, no rio Purus, mais profundo e largo ele fica”, explica. Por essa razão, os efeitos das chuvas devem ser menos severos nas cidades mais distantes da região do Alto Rio Acre.
Amazonas e Roraima
Os rios que banham Roraima e o Norte do Amazonas nascem no Hemisfério Norte, onde as bacias ainda estão em período de vazante. Mas, na altura de Manaus, o rio Negro já está elevação desde 30 de outubro. Desta data até hoje, o nível subiu 3,5 m, alcançando 24,75 m, 36 cm acima do registrado no mesmo período do ano passado. Em 2014, entre os dias 1 e 23 de fevereiro, o Negro havia subido 1,06 m. Este ano, neste mesmo período, o rio subiu 1,30 m.
Ainda é cedo para anunciar uma enchente de grandes proporções no rio Negro. O primeiro alerta de cheia será divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) apenas no dia 31 de março. Após este, outros dois boletins serão divulgados no último dia dos meses subsequentes. Somente então será possível fazer previsões sobre a cota máxima.

O município de Canutama está com 60% da área urbana afetada pela cheia. Foto: Divulgação/Defesa Civil-AM



Em 2014, o Negro, na altura de Manaus, atingiu a cota máxima de 29,50 m no dia 3 de julho. Esta foi considerada a quinta maior enchente da história. A cota mínima foi alcançada dois meses depois, dia 29 de setembro, quando o nível atingiu 13,78 m. No Sul do Estado, próximo ao Acre e Rondônia, seis municípios estão em sob decreto de situação de emergência. No total, 9.697 famílias já foram afetadas em Envira, Itamarati, Eirunepé, Guajará, Ipixuna e Canutama. Os cinco primeiros, localizados na Calha do Rio Juruá, já receberam ajuda humanitária do Governo do Amazonas. Em Canutama, na Calha do Rio Purus, 60% da área urbana da cidade foi atingida pela cheia.

A orla de Boca do Acre está comprometida. Foto: Divulgação/Defesa Civil-AM



Boca do Acre, na mesma região, está em alerta. Lá, a situação tem um agravante. Rios de águas barrentas como Purus, Madeira, Juruá e Amazonas provocam terras caídas, um fenômeno natural e comum em rios com forte correnteza, mas que pode causar problemas em áreas habitadas. De acordo com a Defesa Civil do Amazonas, em Boca do Acre, a força das águas já afeta comprometeu aproximadamente 150 m da orla da cidade e 21 casas. Em outra área, de 260 metros, o desbarrancamento afeta 65 famílias. A orientação do órgão a Prefeitura e a Defesa Civil Municipal foi a remoção imediata das famílias que vivem nestas localidades.


A orla de Boca do Acre está comprometida. Foto: Divulgação/Defesa Civil-AM



Na Calha do Rio Solimões, Tabatinga, São Paulo de Olivença, Santo Antônio do Içá, Tonantins e Benjamin Constant também seguem em alerta. Humaitá, na Calha do Rio Madeira, está na mesma situação.
Em Roraima, Estado com 15 municípios, o nível do rio Branco, o principal do Estado, é crítico. As chuvas do ano passado não foram o bastante para encher, dentro da normalidade, a bacia do rio. Seis municípios devem decretar situação de emergência nos próximos dias. A previsão é que ainda hoje, o Governo de Roraima decrete situação de emergência em Bonfim, Normandia, Cantá e Caracaraí. Os municípios de Alto Alegre, Amajari, Mucajaí e Iracema já estão sob o decreto desde o dia 13 de fevereiro. Os prefeitos de Uiramutã e Pacaraima pediram a decretação de emergência em seus municípios e a Defesa Civil de Roraima está analisando a situação.

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