terça-feira, 25 de maio de 2010

Pesquisa científica cresce na Amazônia

Pesquisa científica cresce na Amazônia

Fonte: O Liberal - 23/05/2010

Encontrar meios para garantir a soberania da Amazônia é uma preocupação para muitos ambientalistas. Sem o conhecimento da floresta, os recursos naturais da região ficam sujeitos a pesquisas realizadas por estrangeiros. A boa notícia é que nos últimos seis anos a quantidade de doutores em atuação na Amazônia triplicou. Em entrevista exclusiva a O LIBERAL, o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Adalberto Luís Val, falou sobre a importância das pesquisas científicas serem feitas por brasileiros e sobre formas de desenvolvimento sustentável para a floresta.

Segundo Adalberto Val, 78% das pesquisas sobre a Amazônia eram produzidas fora do Brasil em 2005. Além da perda do controle sobre o resultado dos estudos, a predominância das pesquisas feitas fora do país representa maiores custos para profissionais e estudantes brasileiros, que precisam se deslocar até os museus e instituições do exterior para consultar os materiais coletados durante as expedições científicas. Hoje, o diretor do Inpa não sabe informar qual o percentual das pesquisas sobre a Amazônia realizadas por estrangeiros, mas garante que reduziu de maneira significativa.

Há cinco anos existiam apenas 17 programas de doutorado na Amazônia. Hoje, a região conta com mais de 50. "A pesquisa no Brasil está fortemente atrelada à pós-graduação. Quanto mais cursos de pós-graduação, maior a quantidade de formação de recursos humanos e mais intensa é a produção científica", declarou.

De acordo com o diretor do Inpa, além da ampliação dos cursos de mestrado e doutorado, o financiamento das pesquisas sobre a Amazônia pelo governo federal e por fundações estaduais - como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (Fapespa) - também foi responsável pelo crescimento do conhecimento sobre a Amazônia entre os brasileiros.

Quanto ao programa Acelera Amazônia - que tinha o objetivo de triplicar o número de doutores em atuação na Amazônia em cinco anos - Adalberto afirmou que em seis anos o número de doutores foi multiplicado por três, mas este aumento não deve ser atribuído exclusivamente ao programa. "Houve uma série de ações desenvolvidas por órgãos como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e o Centro Indígena de Estudos e Pesquisas (Cinep) e fundações de amparo à pesquisa", ressalvou.

A exploração de produtos e processos da floresta foi apontada por Adalberto como a única alternativa sustentável para o desenvolvimento econômico da Amazônia. "É necessário manter a floresta de pé e desenvolver alternativas de geração de renda para as comunidades locais. Estima-se que 25 milhões de pessoas habitem a floresta amazônica brasileira", afirmou. De acordo com ele, os biocosméticos, a utilização de folhas e raízes para a produção de medicamentos são algumas opções para o desenvolvimento sustentável. "Deve-se entender como funcionam os princípios ativos para a produção de remédios. Estas ações ocorrem em longo prazo e requerem altos investimentos em biotecnologia e pessoas capacitadas para a produção dos insumos", disse.

Outros exemplos apresentados pelo pesquisador foram a exploração do subsolo da floresta e a piscicultura. "Hoje é possível a extração de recursos minerais de forma sustentável, fazendo a manutenção do meio ambiente. Já a criação de peixes é importante para a nutrição humana porque eles são fontes inesgotáveis de proteínas. É necessário investimento para o manejo sustentável destas técnicas", argumentou. Adalberto frisou que, para garantir a soberania da Amazônia, é necessário empregar recursos em ciência e em tecnologia. "É preciso conseguir as informações primeiro e divulgá-las para a sociedade brasileira. Para que se proteja a floresta é fundamental conhecê-la", ressaltou.

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