segunda-feira, 17 de maio de 2010

Odebrecht e Camargo Côrrea voltam à cena em Belo Monte

Fonte DCI 17/05/10
http://www.dci.com.br/noticia.asp?id_editoria=7&id_noticia=327361&editoria=

Odebrecht e Camargo Côrrea voltam à cena em Belo Monte
Fabíola Binas


SÃO PAULO - Gigantes da construção pesada, como Camargo Corrêa e Odebrecht, voltam à cena em torno do projeto da Usina Hidroelétrica de Belo Monte. Depois de desistirem do projeto, alegando temer não lucrar com a empreitada, que custará cerca de R$ 19 bilhões, as empresas mostram-se dispostas a participar da obra como coadjuvantes.

A petroquímica Braskem, do Grupo Odebrecht, informou sexta-feira que já iniciou conversações com o consórcio vencedor do leilão, o Norte Energia, para participar como autoprodutora. "Fomos procurados e assumimos um acordo de confidencialidade [com o consórcio]. A Braskem se mantém interessada em ser autoprodutora", disse o presidente da Braskem, Paulo Gradin.

Segundo o presidente da companhia, a tarifa de R$ 78 por megawatt-hora oferecida pelo consórcio vencedor, encabeçado por Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), Queiroz Galvão e Grupo Bertin (por meio de Gaia Energia e Contern Construções), é competitiva. "Mas não é só isso. Junto vem o risco de ser investidor, o retorno sobre o negócio. É isso que temos de avaliar", disse.

Construtoras

Dentro dessa corrida, a Odebrecht afirmou ao DCI que, depois de todos os impasses que envolveram Belo Monte, a companhia não pretende ser investidora do projeto, mas ajudar a construí-lo.

"Estamos dialogando com o consórcio vencedor sobre a construção da usina. Temos uma vasta experiência em projetos de engenharia como este", comentou Dante Venturini, diretor de Engenharia e Infraestrutura da Odebrecht.

Para Venturini, a Odebrecht pode participar da construção da Usina de Belo Monte. "O processo para o leilão foi complicado, e o governo achava que as nossas reivindicações eram conversa de empreiteiro. Mas a iniciativa privada não pode correr grandes riscos, ainda mais com um projeto tão caro. Por isso saímos do leilão", afirma o diretor. Ele acrescentou que: "O caso de Belo Monte era tão arriscado que no dia do leilão ainda tinha empresa saindo. Mas agora não teremos esse risco, e podemos ajudar a construir a usina".

A Camargo Corrêa mantém o mesmo discurso da ex-parceira de Belo Monte. "Somos líderes na construção de hidroelétricas e temos interesse em participar como fornecedores de serviços nesta usina", respondeu a empresa. Recentemente, Vitor Hallack, presidente do conselho de administração da Camargo Côrrea, falou sobre a intenção da construtora de usar sua experiência para "auxiliar", o consórcio Norte Energia.

A Camargo Corrêa realizou obras de hidroelétricas gigantes, como a de Itaipu, no Rio Paraná, que tem capacidade de 12 mil megawatts, e a de Tucuruí, no Rio Tocantins (4,2 mil MW), unidades que estão entre as maiores do mundo. A maior de todas é a de Três Gargantas, na China (22 mil MW). Para se ter uma ideia, Belo Monte terá 11, 2 mil MW.

Vale

Outras companhias também devem ser abordadas para se transformar em autoprodutoras. Entre elas, estão cotadas corporações como a Vale, que recentemente deixou claro que, se "fosse convidada", avaliaria sua entrada em Belo Monte, o que foi confirmado pelo próprio presidente da Vale, Roger Agnelli. Na ocasião, o executivo afirmou que o valor de R$ 78 era uma cifra "interessante". Contatada na última sexta-feira, a empresa manteve igual posicionamento.

Já a Votorantim Cimentos deixou claro, ao anunciar investimentos, que gostaria de ser a principal fornecedora de cimento da obra e que estaria negociando com o Norte Energia.

Resultados

Depois de registrar prejuízo líquido de R$ 123 milhões no primeiro trimestre, a Braskem prevê resultados melhores adiante, mas se preocupa com o aumento de capacidade no setor petroquímico mundial no segundo semestre.

O prejuízo da companhia nos três primeiros meses do ano foi resultado de efeitos cambiais, adesão ao programa de refinanciamento de dívidas fiscais (Refis) e efeitos extraordinários pela aquisição da Quattor. "Sem esses efeitos, teríamos lucro líquido de cerca de R$ 300 milhões", disse o presidente da Braskem, Bernardo Gradin, em coletiva de imprensa na última sexta-feira. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 729 milhões, alta de 59% na comparação anual. "A forte demanda doméstica e as boas oportunidades de mercados de exportação elevaram o Ebitda", disse a Braskem.

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