domingo, 30 de maio de 2010

O papel das reservas florestais

O papel das reservas florestais
Fonte:  Jornal do Brasil 30/05/2010

RIO DE JANEIRO - As unidades de conservação e terras indígenas da Amazônia podem evitar a emissão de cerca de 8 bilhões de toneladas de carbono até 2050, segundo pesquisa feita em parceria por pesquisadores brasileiros e americanos. O estudo mostra que as chamadas áreas protegidas, que englobam as terras indígenas, unidades de conservação de uso sustentável e as unidades de conservação de proteção integral, abrigam 54% das florestas remanescentes da Amazônia Brasileira.
Os pesquisadores checaram o nível de preservação de 595 áreas protegidas da Amazônia, verificando se elas foram desmatadas. Entre 1997 e 2008, o conjunto destas áreas inibiu o desmatamento. Das áreas protegidas criadas depois 1999, 115 se mostraram efetivas imediatamente após terem sido criadas.
A recente expansão do número de áreas protegidas na Amazônia foi responsável por 37% do total de redução de 13,4 mil quilômetros quadrados no desmatamento entre 2004 e 2006.

Os pesquisadores salientam que a criação de novas áreas de proteção não desviou o desmatamento para outros lugares, e sim evitou de fato que novas áreas fossem desmatadas.
Fiscalização
As estimativas do estudo apontam que, além das áreas de proteção, mudanças no ciclo econômico contribuíram com 44% da redução do desmatamento na Amazônia, enquanto 18% podem ser atribuídos a outros fatores, como fiscalização mais intensiva pelo governo federal. Essas projeções foram feitas a partir de um modelo econométrico de previsão do desmatamento, com base nas mudanças das condições socioeconômicas.
De acordo com o estudo, os cientistas calculam que as áreas protegidas da Amazônia, se plenamente preservadas, poderiam evitar a emissão das tais 8 bilhões de toneladas de carbono até 2050.
No entanto, manter as 595 áreas protegidas representará um custo considerável para o Brasil, calculado em cerca de US$ 147 bilhões. Esse valor compreende os investimentos necessários para a consolidação das reservas e os lucros que o país deixará de obter ao abrir mão de atividades econômicas na região até 2050.
As florestas tropicais, entre elas a Amazônia, exercem um papel crucial no sistema climático mundial, por armazenar grandes quantidades de carbono.
Por essa razão, os pesquisadores afirmam que o custo de manutenção das áreas protegidas brasileiras deveria ser parcialmente compensado por um acordo internacional de clima que inclua incentivos para países tropicais que reduzam suas emissões de carbono por desmatamento e degradação florestal.
O artigo foi publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Ele foi elaborado por 12 pesquisadores ligados às seguintes instituições: Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais; Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia; The Woods Hole Research Center; WWF-Brasil; e Gordon and Betty Moore Foundation.

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