quinta-feira, 8 de maio de 2014

TRÊS ONG´S DA AMAZÔNIA CONCORREM AO PRÊMIO DE R$ 1 MI DO GOOGLE


Fonte:Amazônia Real 06/05/2014
Projetos contemplam ações socioambiental e econômica na Amazônia (Foto: Alberto César Araújo)Projetos contemplam ações socioambiental e econômica na Amazônia (Foto: Alberto César Araújo)
Dos dez projetos de ONG´s brasileiras finalistas ao prêmio de R$ 1 milhão do concurso Desafio Impacto Social, promovido pelo Google Brasil, três são de organizações não governamentais que atuam na Amazônia: Associação O Eco e os institutos Socioambiental (ISA) e Mamirauá. A votação pela internet pode ser feita até quinta-feira (8) neste endereço na internet g.co/desafiobrasil.
Segundo o Google, serão quatro vencedores ao prêmio, sendo três escolhidos por um painel de juízes e, um pela votação popular. Os projetos foram selecionados baseados em quatro critérios: impacto na comunidade, inovação, viabilidade e escalabilidade. Cada um dos quatro vencedores receberá um Global Impact Award (Prêmio de Impacto Social Global) para tirar o projeto do papel e torná-lo realidade.

Mapeamento da qualidade da água
O projeto da Associação O Eco é da Rede Info Amazônia. A ideia é formar com mais de 80 sensores conectados um mapeamento da qualidade da água local em fontes de captação de quatro diferentes capitais: Manaus (AM), Belém (PA), Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC).
Com mais de 4,2 milhões de habitantes, a população da Amazônia, que abriga o maior rio do mundo, o Amazonas, sofre com a falta de indicadores sobre a contaminação de suas fontes de água potável.
Em dois anos, o projeto Rede Info Amazônia prevê beneficiar essa população com informação, via SMS, sobre a qualidade da água, reduzindo doenças por contaminação hídrica e a degradação ambiental.
O sensor Riffle inspirou o projeto de O Eco em monitorar qualidade de água (Foto: PublicLab.org)
O sensor Riffle inspirou o projeto de O Eco em monitorar qualidade de água (Foto: PublicLab.org)













Gustavo Faleiros, coordenador do projeto Rede Info Amazônia, afirma que as   capitais da Amazônia são as primeiras entre todas as outras quanto se fala em acesso a água encanada.
“Enquanto o Censo de 2010 mostrou que em Vitória (ES) apenas 52 domicílios foram registrados sem esse serviço público, em Manaus (AM) o total chega a quase 33 mil, em Belém (PA), 24 mil. Alguém, obviamente, tem que se perguntar de onde estas pessoas retiram água para beber e se banhar? Sabemos que Manaus depende de poços artesianos em áreas mais ricas e de cacimbas em áreas mais pobres. Mas sabemos qual é a qualidade desta água? Não.”, disse.
Segundo o coordenador do projeto do O Eco, os índices de qualidade de água estão disponíveis apenas nas companhias de saneamento e são referentes a pontos de captação e reserva de água. Ele acredita que, com iniciativa como a Rede Info Amazônia é possível iniciar uma discussão de larga escala sobre a urbanização e a falta de infraestrutura nas principais cidades da Amazônia.
“Para isso queremos utilizar sensores de qualidade ambiental de baixo custo. Eles podem medir por exemplo alterações na condutividade da água e isso é importante como um primeiro indicador da presença de possíveis poluentes”, afirmou Gustavo Faleiros.
Mini usinas na produção sustentável
O projeto do Instituto Socioambiental (ISA) que concorre ao prêmio do Google Brasil são as Mini Usinas Open Source. As usinas serão utilizadas para produzir produtos florestais e gerar sustentabilidade na Amazônia. Nos últimos dois anos, a região perdeu 2,2 milhões de quilômetros quadrados de floresta para os desmatamentos e as queimadas.
Segundo o ISA, o projeto das mini-usinas é fundamental e estratégico para assegurar a integridade dos territórios, além de atualizar e dinamizar a tecnologia e a economia florestal. O projeto de construção das mini usinas de processamento de produtos florestais não madeireiros contempla atividades como castanha do Pará, óleos de babaçu, castanha, andiroba, manteiga de cacau, cupuaçu, secagem de pimentas, doces de frutas, frutas desidratadas, processamento de sementes florestais e borracha.
Os artesões da floresta serão beneficiados no projeto das mini usinas (Foto: ISA)
Os artesões da floresta serão beneficiados no projeto das mini usinas (Foto: ISA)










Conforme o Instituto Socioambiental, o projeto será realizado em dez unidades de produção já existentes e a partir delas passará a gerar materiais para que outras organizações da Amazônia possam se inspirar e replicar as tecnologias propostas com as adaptações necessárias em cada local.
“O projeto das Mini Usinas Open Source combina o conhecimento tradicional e com o científico. Se a gente  ganhar esse prêmio, a ideia é investir na melhoria das mini usinas que já existem, que chegam a  dez, podendo inspirar mais 20 usinas, atingindo 2 mil pessoas”, afirmou Marcelo Salazar, diretor adjunto do ISA.
Segundo o ISA, em dois anos as mini usinas irão beneficiar diretamente 41 povos indígenas e populações extrativistas da Amazônia brasileira, gerando um modelo que poderá ser replicado para centenas de comunidades da Panamazônia e outras populações.
Máquina de gelo solar em comunidades isoladas 
O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, com sede em Tefé, no Amazonas, concorre no desafio do Google Brasil com o projeto Máquina de Gelo Solar. A máquina não utiliza baterias e é feita para conservar alimentos em comunidades isoladas na Amazônia, além de preservar o comércio do pescado na região, com energia solar.
Segundo o Instituto Mamirauá, os moradores das comunidades isoladas não têm acesso à energia elétrica e sofrem com o pior Índice de Desenvolvimento Humano do país (entre 0,418 e 0,699). A melhoria da qualidade de vida esbarra na falta de energia elétrica para conservar alimentos para consumo.
O projeto da Máquina de Gelo Solar, de acordo com a organização ambiental, tem parceria com o Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo. No caso da produção do pescado, a máquina poderia conservar os peixes para serem vendidos nos centros urbanos. Algumas comunidades estão distantes a 18 horas de viagem por via fluvial das cidades.
“A maioria das famílais produz o gelo fazendo uso de pequenas usinas termoelétricas a diesel, que funcionam apenas quatro horas por dia. Com a máquina de gelo solar, as famílias vão poder conservar o pescado e vender a produção na cidade, aumentando em 12% a renda familia”, disse Dávila Corrêa, coordenadora do projeto do Instituto Mamirauá.
O instituto diz que em dois anos, o projeto da Máquina de Gelo Solar ajudará a aumentar em 12% a renda de mais de cem famílias e promoverá a capacitação para que a inovação se espalhe pelas outras 250 comunidades, cerca de 10.000 pessoas, das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã.
Produção do pescado será beneficiada com a máquina de energia solar (Foto: Mamirauá)
Produção do pescado será beneficiada com a máquina de energia solar (Foto: Mamirauá)

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