segunda-feira, 19 de maio de 2014

Fonte:Diário da Amazônia (RO) 19/05/2014

Nos últimos anos Rondônia ganhou destaque nacional e internacional com a implantação do projeto de resgate de carbono. O Carbono Florestal Suruí (PCFS) é o primeiro projeto de REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) proposto em terras indígenas no Brasil e também o primeiro no mundo em área indígena no mundo.
A iniciativa visa a proteção da terra indígena 07 de Setembro, localizada entre os municípios de Cacoal e Espigão d’Oeste, em Rondônia, e que se estende até Rondolândia, em Mato Grosso. A região sofre ameaça de invasões, extração ilegal de madeira e desmatamento para implantação de pastagens e agricultura. O PCFS foi negociado com a empresa de cosméticos Natura que comprou parte dos créditos de carbono da área e tem duração prevista de 30 anos.

De acordo com a indigenista Ivaneide Bandeira, que palestrou sobre o tema “Repartição de Benefícios em Projetos de REED+”, no II Seminário Perspectivas Florestais para Conservação da Amazônia, o projeto abre espaço para que o povo Paiter Suruí possa captar recursos a partir da comercialização dos créditos de carbono gerado pela redução do desmatamento na região. A meta é conservar a área de 12 mil hectares de mata e evitar a emissão de cerca de 7 milhões de toneladas de CO2 até 2038.
O projeto é parte da estratégia para gerar recursos que financiem o plano de gestão da reserva nos próximos 50 anos, processo iniciado em 2007, com a parceria  firmada com o Google Earth para o uso de tecnologia digital no monitoramento e mapeamento da floresta. O trabalho é feito via celular, com recursos de GPS, pelos próprios índios que fazem os mapeamentos e também por equipamentos, para diagnosticar a biomassa.
Os recursos gerados com o crédito de carbono são destinados ao Fundo Paiter Suruí, anunciado na Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Mudanças Climáticas (COP-16), realizada em Cancún, no México, em 2010. Ivaneide Bandeira, que é pesquisadora da Associação de Defesa Etnozoneamento— Kanidé, e assessora técnica do PCFS, adiantou que esse é o quarto projeto de REED já implantado no mundo.

“Essa iniciativa mostra que Rondônia está avançada nessa questão. Mas é preciso lembrar que estamos atrás de outros estados no que se refere a discussão da legislação, processo iniciado em 2013 com a proposta da Lei de Mudança Climática, pelo Governo do Estado. Esse projeto dos suruís colocou o estado em destaque no cenário internacional e nacional”, explicou.

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