domingo, 11 de maio de 2014

OIE concede certificação internacional de livre febre aftosa ao Pará

Fonte: Agência Pará de Notícias 10/05/2014

A busca pela mudança de status sanitário está ligada aos investimentos dos governos estadual e federal em torno das ações de defesa agropecuária


O Estado do Pará receberá da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), juntamente com outros sete estados brasileiros, o reconhecimento de área totalmente livre de febre aftosa, que confere a certificação internacional e será repassado ao Brasil e ao Pará, por meio de representantes dos governos federal e estadual durante a 82º assembleia geral da OIE. O evento acontece em Paris (França), de 28 a 30 de maio deste ano, ocasião que também serão celebrados os 90 anos do Brasil como membro fundador da organização internacional.
Além do Pará, os estados de Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará, Paraíba e Maranhão também serão contemplados com o reconhecimento internacional de 100% livre de febre aftosa, fato que contribuirá significativamente com a economia brasileira e a economia dos respectivos estados a partir do setor pecuarista.
A busca pela mudança de status sanitário passou pela determinação de investimentos tanto do governo do estado do Pará, como do governo federal em torno das ações de defesa agropecuária e, de outro lado, pela conscientização dos pecuaristas do Pará. Juntos, produtores e técnicos da defesa agropecuária cumpriram as etapas exigidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Dessa forma, os municípios que integram as áreas II e III, Baixo Amazonas e Marajó tiveram suas propriedades reconhecidas como livre de febre aftosa.
No Pará, apenas os 44 municípios do sul e sudeste, que fazem parte da área I possuem o reconhecimento nacional e internacional como livres de febre aftosa, portanto, somente propriedades rurais desses municípios podem comercializar nacionalmente e exportar o gado para regiões que já possuem a certificação.

Esse cenário começou a mudar efetivamente em agosto de 2013, ocasião em que se consumou o reconhecimento nacional por meio do Ministério da Agricultura. A certificação nacional oficializada em cerimônia realizada no município de Paragominas contou com a presença de representantes do Ministério da Agricultura, do governador Simão Jatene, da equipe de governo do setor produtivo, de Sálvio Freire e Mario Moreira, o atual e ex diretor da Adepará, respectivamente, e credenciou os demais municípios paraenses que integram as regiões nordeste, Baixo Amazonas e Marajó  a buscar o reconhecimento internacional. 
No próximo dia 28 de maio, esses municípios, que agora apresentam o status sanitário como livre de febre aftosa, recebem o reconhecimento internacional de 187 países signatários da OIE.
Segundo Mário Moreira, que esteve à frente da Adepará desde 2011, o reconhecimento internacional significa um avanço para a pecuária paraense, uma vez que o Pará  possui o 5º maior rebanho do país e ocupa a  4ª posição em produção e exportação de carne. “Depois de muita luta, muito esforço, é gratificante ter a certeza de que teremos um futuro ainda mais promissor para o agronegócio e para a economia paraense”, declarou Mário Moreira. O pecuarista já confirmou presença no evento da OIE, na França.
Para Mário Moreira o reconhecimento é consequência do resultado do trabalho executado pela Agência de Defesa Agropecuária do Pará, que buscou a mudança sanitária com o cumprimento de mais de 38 itens de exigências, entre os quais, a realização de inquéritos sorológicos; serviço veterinário de qualidade; vacinação com níveis de participação superior a 98% ; implantação de GTA (Guia de Trânsito Animal) eletrônica e on line, implantação do PCCR - Plano de Carreira, Cargos e Remuneração da Adepará e demais melhorias na logística de trabalho e investimentos nas ações de defesa da saúde animal.
Em reunião com o governador Simão Jatene, no último dia 08, o ex diretor da Adepará teve a confirmação que o Pará estará representado na 82ª assembleia geral da OIE tanto pelo poder público como pelos representantes do setor produtivo, a exemplo da União Nacional dos Exportadores de Carne (Uniec) que integrará a comitiva brasileira, por meio de seu presidente, Francisco Victer.
Sálvio Freire, diretor geral da Agência de Defesa Agropecuária do Pará, Adepará, também confirmou presença na comitiva brasileira que segue para França para  cerimônia de reconhecimento internacional pela OIE. Para o diretor, a certificação abrirá as portas do mercado para comercialização nacional e internacional do rebanho paraense, seus produtos e subprodutos, assim como aumentará a capacidade em favor do agronegócio das plantas frigoríficas das regiões  II e III e Marajó.
Atualmente, segundo o diretor, a capacidade de abate dessas plantas frigoríficas é superior a 4 milhões de cabeças. Sálvio lembrou que o reconhecimento internacional trará muitos benefícios para o setor. Além da abertura do mercado exportador da carne,  frigoríficos localizados em municípios que integram as áreas II e III, a exemplo de  Castanhal, Mãe do Rio, Jacundá, Breu Branco, Santarém e outros, deixam de ter restrições sanitárias.
O trânsito do boi em pé também terá redução de restrições, a exemplo do término do período quarentenário por ocasião do transporte do gado de uma região sanitária para outra até a chegada nos portos do Pará. Outro ítem que será beneficiado é o trânsito do gado paraense para outros estados brasileiros que já possuem a certificação de livre de febre aftosa, a exemplo de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Tocantins.
Segundo o presidente da Uniec, o reconhecimento internacional de livre de febre aftosa em todo estado, não somente da região sul, que já era livre, vai tornar o Pará uma referência tratando-se de um estado fornecedor de produtos com qualidade. Victer ressaltou que essa certificação fortalecerá o mercado brasileiro que já possui referência como país importador e exportador de carne para o mundo. “Vamos ter mais oportunidades de negócios e mais clientes para o mercado paraense, que passará a ter uma carne mais valorizada e a matéria prima, que é o boi, mais credenciada!", declarou Francisco Victer.
Com a certificação internacional a ser conferida pela OIE, o gado paraense e dos demais estados do nordeste brasileiro vão se igualar sanitariamente e economicamente aos bovinos dos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina.
Os dados da Adepará de 2013 confirmam que o efetivo bovino do Estado, que reúne as áreas I, II, e III e mais a Ilha do Marajó, já superou os 21 milhões de cabeças. Os 44 municípios que integram a área 1, por exemplo, somam juntos um efetivo bovino de 16.049.068 milhões de cabeças. Em relação a maio de 2013, o plantel cresceu aproximadamente 3% na referida região. Entre os municípios com potencial para pecuária que mais se destacam com relação ao quantitativo do bovino estão São Félix do Xingu (1), Marabá (2), Novo Repartimento (3) e Santana do Araguaia (4).
A cada ano, a participação brasileira no comércio internacional vem crescendo, com destaque para a produção de carne bovina, e também a suína e de frango. Segundo o Ministério da Agricultura, até 2020 a expectativa é que a produção nacional de carnes suprirá 44,5% do mercado mundial. Já a carne de frango terá 48,1% das exportações mundiais e a participação da carne suína será de 14,2%.
Mudança de hábito - Atenta às exigências do mercado internacional e a necessidade de uma produção social e ambientamente corretas, produtores paraenses vem trabalhando em favor da sustentabilidade do setor pecuarista. A mudança de hábito confirmou-se a partir da troca de um cenário passado de desmatamento para um presente de controle da sustentabilidade onde não se comunga  da destruição ambiental e não se compartilha de ações questionáveis pela sociedade sob o ponto de vista social, ambiental e sanitário.
Para Francisco Victer, “na medida que conquista-se a qualidade socioambiental sanitária é possível avançar com projetos de aceleração e ampliação da produção, fato que segundo o presidente da Uniec, é muito importante. “Temos que ter qualidade para viabilizar o crescimento da produção. Com produtividade a partir de áreas já antropizadas, aumenta-se a qualidade de vida do trabalhador no campo, gera-se mais emprego e promove-se o fortalecimento da condição econômica do estado do Pará, que já possui referência na produção e no abastecimento dos mercados interno e externo”, declarou  Francisco Victer.
Atualmente é possível afirmar que antigos métodos foram desconstruídos. Existe consenso em torno do não desmatamento e entendimento em aproveitar áreas já desmatadas e incorporá-las ao processo produtivo. O presidente da Uniec ressaltou esse novo momento, em que o setor agropecuário lança um novo olhar para a questão ambiental. “Estamos recuperando parcela significativa do que foi desmatado; atentos para áreas de preservação permanente, de reserva legal, que também serão recuperadas a partir do incremento de uma atividade valorizada e que poderá arcar, ainda mais, com foco sobre o não desmatamento  e a recuperação de áreas degradadas”, explicou o presidente da União Nacional dos Exportadores de Carne.
“Além dos reconhecimentos comercial, econômico e financeiro, é preciso buscar o reconhecimento moral acerca do esforço do setor produtivo em torno da sustentabilidade ambiental”, finalizou o representante da Uniec.
Bovinocultura – A bovinocultura é um dos principais destaques do agronegócio brasileiro no cenário mundial. O Brasil é dono, segundo o Ministério da Agricultura, do segundo maior rebanho efetivo do mundo, com cerca de 200 milhões de cabeças, e desde 2004 assumiu a liderança das exportações com um quinto da carne comercializada internacionalmente e vendas em mais de 180 países.
O rebanho bovino brasileiro proporciona o desenvolvimento de dois segmentos lucrativos, as cadeias produtivas da carne e leite. O valor bruto da produção desses dois segmentos, estimado em R$ 67 bilhões, aliado à presença da atividade em todos os estados brasileiros, evidenciam a importância econômica e social da bovinocultura em nosso país.
O clima tropical e a extensão territorial do Brasil contribuem para esse resultado, uma vez que permitem a criação da maioria do gado em pastagens. Além disso, o investimento em tecnologia e capacitação profissional; o desenvolvimento de políticas públicas, que permitem que o animal seja rastreado do seu nascimento até o abate; e o controle da sanidade animal e segurança alimentar contribuíram para que o País atendesse às exigências de mercados rigorosos e conquistasse espaço no cenário mundial.
A partir de 28 de maio, mais de seis milhões de cabeças do Pará, localizadas em propriedades das regiões que estão recebendo a certificação internacional, estarão credenciadas a ganhar mercado e credenciar ainda mais a pecuária paraense.
Christina Hayne
Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará

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