segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Carta de Lima alerta para importância da Amazônia na regulação do clima do Planeta

Fonte: Pátria Latina 25/08/2014


Ambientalistas participantes do 3º Encontro Pan-Amazônico
Adital
Durante dois dias ambientalistas e ONGs de sete países da Pan-Amazônia se reuniram no 3º Encontro Pan-Amazônico, realizado em Lima, Peru, para debaterem formas de proteger e protagonizar a maior floresta tropical do planeta na próxima reunião da Conferência das Partes (UNFCCC COP 20), que vai acontecer este ano, em novembro, também na capital peruana. O resultado do encontro foi a Carta de Lima, um documento lançado no último dia 07 de agosto de 2014, que alerta para a função essencial do bioma na regulação das chuvas e do clima em todo Planeta e que exige maior ação dos negociadores climáticos durante a COP20.
O evento foi organizado pela Articulação Regional Amazônica (ARA), uma rede de organizações e ambientalistas que atuam na Pan-Amazônia juntamente aliados como o WWF e o Ministério do Meio Ambiente do Peru. Durante os dias do evento, segmentos importantes da sociedade discutiram temas como infraestrutura, biodiversidade, seguridade e mecanismos econômicos relacionados à floresta. O evento lançou o estudo "O Futuro Climático da Amazônia”, do cientista brasileiro Antônio Donato Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, que alerta sobre o papel fundamental da floresta no regime de chuvas e regulação climática no continente sul-americano. Segundo o cientista, a hora de promover o desmatamento zero já passou há muitos anos e, agora, entramos no ponto em que já se faz necessário também reflorestar o bioma, a fim de não perdermos sua função climática e de regulação de chuva.
 
COP-20 acontecerá em Lima, Peru, em novembro de 2014

"É uma situação muito grave que requer urgência! Os governos do mundo tomaram atitudes imediatas e, em 15 dias, injetaram trilhões de dólares para salvarem os bancos durante a crise financeira de 2008, quando a crise climática é muito maior e muito mais grave. As perdas serão dezenas de trilhões de dólares e milhões de mortes. E por que os governos não reagem? Porque são capazes de salvarem bancos em 15 dias e não são capazes de entrarem em um acordo em 15 anos? Por que eles não se movem?”, questiona o cientista.
Outro estudo importante foi apresentado por Yolanda Kakabase, presidente da WWF. No painel "Seguridade amazônica frente aos desafios das mudanças climáticas”, Kakabase alertou, mais uma vez, sobre os perigos das mudanças climáticas na segurança alimentar e ecológica da humanidade. Juntos os dois estudos trouxeram um panorama bastante alarmante sobre a situação atual do bioma.
O encontro contou com a presença do Ministro do Meio Ambiente do Peru, Manuel Pulgar-Vidal, que falou sobre os desafios diante do crescimento do desmatamento no país. "As políticas para a Amazônia deixaram de ser voltadas para a ocupação. Agora, tudo o que se pensa para a Amazônia vem a partir do potencial dos seus recursos. Tudo é estudado e pensado em função de novos e complexos mecanismos, que podem fazer frente à mudança climático. A Amazônia do futuro, portanto, é um desafio constante e ainda incerto”,disse.
O ministro ressaltou a importância dos mecanismos de compensação por serviços ambientais como o REDD+ e conclamou os países da Pan-Amazônia a se unirem em torno do tema. Segundo ele, um novo estudo do Instituto Carnegie deve sair até o fim deste ano trazendo novos dados sobre os estoques de carbono. "Isso vai trazer um panorama mais claro da paisagem e do solo da floresta e nos ajudar a enfrentar as mudanças”, acredita o ministro.
Ao final do encontro, o ministro,que também é presidente da COP20, recebeu dos participantes em seu gabinete, a Carta de Lima, que entre outras coisas cobra uma posição mais enérgica dos governos a fim de dar à Amazônia o devido peso dentro das convenções climáticas.
Articulação pela floresta
A COP20 desse ano será o último momento de articulação política antes do grande acordo climático global, que deve ser firmado no ano que vem, em Paris. Segundo Sérgio Guimarães, coordenador da ARA Regional, o Encontro Pan-Amazônico foi um momento importante de articulação e definições de ações colaborativas entres redes da sociedade e governos. "A presença do presidente da COP 20 e de organizações que estão liderando a organização da Cúpula dos Povos, que acontecerá simultaneamente em Lima, abriu um espaço de diálogo importante entre sociedade e governo. A magnitude dos problemas e a urgente necessidade de busca de sustentabilidade mostra que as soluções só serão possíveis com o envolvimento dos diversos países e dos diferentes segmentos da sociedade e governos", afirma Sérgio Guimarães, coordenador da ARA Regional.
O Encontro Pan-Amazônico contou com grupos de trabalhos que definiram uma agenda prioritária e uma linha de trabalho colaborativo com vistas à CoP20, além de traçar uma rota para os organizações envolvidas atuarem e difundirem a importância do bioma em outros eventos, como a Cúpula dos Povosm

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